Reabertura do Teatro Dulcina, no Rio, empolga classe teatral

Depois de quatro anos em reforma, espaço histórico no centro carioca foi reaberto nesta terça-feira

PUBLICIDADE

Por Roberta Pennafort
Atualização:

Giulia Gam lembrou a montagem de "Dilúvio em tempos de seca", em 2004, com Wagner Moura e direção de Aderbal Freire-Filho. Paulo Betti voltou mais no tempo e falou de "O Amigo da Onça", de 1987, com Antônio Grassi, Andréa Beltrão e Sergio Mamberti, aos quais ele dirigiu. Beth Goulart só havia estado ali para ensaios. Ney Latorraca, Rogério Fróes, Patrycia Travassos, Cristina Pereira, todos tinham alguma passagem carinhosa pelo Teatro Dulcina, inaugurado no Rio em 1935 e fechado havia quatro anos. Atendendo a pedidos da classe, a Funarte, sua administradora, o reformou, ao custo de R$ 2,3 milhões, e o reabriu na noite de terça-feira.

 

PUBLICIDADE

"O jeitão dele foi preservado", elogiava Betti, ainda sobre o tapete vermelho estendido para a festa, marcada pela homenagem à atriz Dulcina de Moraes, que comprou o antigo Theatro Regina em 1952, transformando-o também na sede da Fundação Brasileira de Teatro, escola de formação que criara. "Frequentei na época que o (diretor Antonio) Abujamra estava aqui (com a companhia Os Fodidos Privilegiados). É importante que a cidade anime seus teatros. Existe uma lei que diz que para todo teatro fechado outro deve ser aberto", defendeu Beth Goulart.

 

O palco que recebeu gerações de diretores e atores e viu nascer três companhias (a de Tônia Carrero, a de Cacilda Becker e a da própria Dulcina) chegou a ser usado por Bia Lessa em escombros, na montagem de "Medéia" (2004). Ontem, além dos discursos oficiais do presidente da Funarte (o mesmo Antônio Grassi) e da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, viu emocionados Nicette Bruno, pupila de Dulcina, e o trio formado por Bibi Ferreira, Nathalia Timberg e Marília Pera, que leram um texto da própria falando sobre sua trajetória. A performance foi chamada de "Um Brinde a Dulcina!"

 

"O teatro continuará existindo enquanto houver um ser humano vivo na Terra", escreveu Dulcina. "No palco, sou infinita. Fora dele, um frasco de perfume vazio", declarou numa entrevista. "Ela dedicou sua vida à transformação do comportamento do artista brasileiro. Foi a luz que surgiu na minha vida", disse Nicette, em momento tocante.

 

Nesta reabertura, o teatro, em estilo art déco e que ganhou 429 novas poltronas, receberá uma programação especial, que vai de "Bibi In Concert IV", este fim de semana, a "Uma Flauta Mágina", do encenador inglês Peter Brook, no início de setembro. Depois disso a ocupação será definida por edital da Funarte. O Dulcina fica na Rua Alcindo Guanabara, colado à Cinelândia e ao Teatro Municipal.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.