Desde a criação da São Paulo Fashion Week, o desfile do estilista Reinaldo Lourenço é um dos mais esperados. Nome forte da moda, Reinaldo agora anunciou que não participará desta edição do evento, que começa na segunda, 13, no prédio da Bienal no Parque Ibirapuera.
Gloria Coelho, Ronaldo Fraga e a marca Iódice também ficarão de fora da semana de desfiles. Para Reinaldo Lourenço, a estratégia do ‘see now, buy now’, adotada pelo evento, na qual as roupas desfiladas são imediatamente colocadas à venda, não funciona. “Eu e a Gloria já fizemos o desfile de inverno em outubro e não teríamos o que mostrar agora. Quando você cria uma coleção como eu, existe todo um processo criativo e uma magia que não acredito que terá nesse ritmo acelerado do ‘see now, buy now’”, diz.
Em 2015, marcas norte-americanas como Tommy Hilfiger diminuíram o tempo entre a apresentação das coleções e o lançamento das peças nas lojas. Na França, os designers se recusaram a acelerar o processo de desenvolvimento. A última edição da SPFW, em outubro de 2016, funcionou como uma transição, em que cada marca apresentou o seu modelo mais viável de produção. Agora, a organização do evento foi mais radical anunciando que as marcas devem se encaixar no formato de venda logo após os desfiles, que serão de inverno.
“A SPFW é importantíssima para mim, eu sempre gostei muito de fazer parte. Mas realmente não concordo com o ‘see now, buy now’. Não estou seguro quanto a esse processo de venda, não estou conseguindo me adaptar e não quero fazer isso por enquanto”, diz o estilista.
Outra baixa da semana de moda deste ano foi a verba da Prefeitura destinada ao evento, que foi reduzida em 37,5%. Em 2016, no governo Haddad, foram repassados R$ 5,6 milhões para as duas edições, enquanto o prefeito João Doria investirá R$ 3,5 milhões. De acordo com o Diário Oficial, a SPFW movimenta R$ 1,5 bilhão.
Por outro lado, a semana de moda que ocorre na capital paulista traz estreias de quatro novas marcas: Sissa, A. Niemeyer, Fabiana Milazzo e a TIG, todas elas comandadas por jovens estilistas. A carioca Reserva também faz o seu retorno depois de um intervalo de quatro anos.