'O Grande Cerimonial', uma peça de Fernando Arrabal

Texto do dramaturgo espanhol leva à cena este amor que oprime os homens, tortura e mata

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Por AE
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Enquanto saboreava um café com o dramaturgo espanhol Fernando Arrabal em agosto de 2009, em São Paulo, o diretor Reginaldo Nascimento pediu conselhos sobre a montagem que preparava de "O Grande Cerimonial", peça ainda inédita no Brasil. "Depois de um silêncio intrigante e em um tom forte e ao mesmo tempo profundo, ele respondeu: ''Solte a imaginação sem limites e sem medo, não há certo nem errado e sim o sonho''", conta o encenador. Assim, com carta branca, ele estreia hoje sua versão na Sala Experimental do Teatro Augusta, em São Paulo.Irônico, provocador, Arrabal (que completa 78 anos em agosto) é autor de uma obra contestadora, como revelam as peças "O Arquiteto" e o "Imperador da Assíria" (1966), "Fando e Lis" (1955) e "Cemitério de Automóveis" (1959), todas já devidamente encenadas no Brasil. "O Grande Cerimonial me atraiu por fazer parte deste universo meio pânico, meio absurdidade, este jogo infantil sem limites, este grito surrealista a ser dado", conta Nascimento. "Meu desejo de falar do amor, ou melhor, deste amor que oprime os homens, tortura e mata, me conduziu para esse cerimonial que, a meu ver, consegue colocar em cena de certa forma todas as personagens da vida do Arrabal."De fato, há diversas semelhanças na ficção com a realidade do dramaturgo. A peça narra a história de Cavanosa (Alessandro Hernandez), um Casanova às avessas que todas as noites seduz uma mulher e a leva a seu quarto onde estabelece um cerimonial que, na verdade, não passa de um projeto. "O próprio Arrabal poderia ser o Cavanosa oprimido e torturado pela mãe, e que busca na realidade motivos e pessoas que possam compreender todo seu mundo de fantasia e pesadelo", observa o diretor.Tal sufoco é representado pelo personagem A Mãe (Deborah Scavone) - ao deixá-la em busca da mulher ideal, representada por Lis (Amália Pereira), Cavanosa encontra-se também com O Amante (Alessandro Hanel) e com Sil, que, acredita-se, seja a mesma Lis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.O Grande Cerimonial - Teatro Augusta. Sala Experimental (50 lugares). Rua Augusta, 943. Telefone (011) 3151-4141. 4ª e 5ª, 21 h. R$ 30. Até 1/7.

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