O fim de uma era

Após 20 anos de trabalho incessante, Gisele Bündchen diz adeus à passarela, mas se mantém firme nas campanhas e no posto de modelo mais importante, famosa e bem paga do mundo

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Por MARIA RITA ALONSO e GIOVANA ROMANI
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Quando pisar na passarela para seu desfile de despedida na próxima quarta, dia 15, Gisele Bündchen estará encerrando a era das supermodelos. Depois dela, outras meninas lindas surgiram, mas nenhuma foi páreo para desbancar a modelo que encantou o mundo da moda desde o momento em que apareceu, vinte anos atrás. Hoje não há sucessora capaz de atingir o status de über - expressão em alemão que designa algo grande, "acima de" - ocupada pela brasileira na moda - e só por ela - há mais de uma década.

Em 2007, a alemã Claudia Schiffer (atualmente com 44 anos) declarou que a geração das supermodelos, da qual fez parte ao lado de Cindy Crawford e Naomi Campbell, havia acabado e que Gisele era a única merecedora desse título ainda na ativa. "Ela tem um rosto e um nome internacionalmente conhecidos. Nenhum outro me vem à mente", afirmou Schiffer na ocasião.

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O que ela, Cindy, Naomi e Gisele tem de especial? Star quality, aquele detalhe a mais que se sobrepõe à beleza e faz a diferença. Ele pode ser o carisma, a personalidade, o jeito de se movimentar. Gisele, no caso, tem tudo isso. "Quando a vi pela primeira vez, logo percebi que ela tinha uma luz diferente", diz o peruano Mario Testino, um dos mais respeitados fotógrafos de moda da atualidade. "Ela, como boa brasileira, tem a capacidade de parecer a pessoa mais feliz da festa, o que dá vontade de estar sempre ao seu lado." Não à toa, o anúncio de seu último desfile para a marca catarinense Colcci causou comoção não só no Brasil, mas também na Europa e nos Estados Unidos. Em comunicado oficial, a irmã e representante da modelo, Patrícia Bündchen, afirmou que "Gisele continuará focando em projetos especiais e também quer destinar mais tempo a sua prioridade nº 1: a família". Casada com o jogador de futebol americano Tom Brady, a modelo vive em Boston, nos Estados Unidos, com ele e os dois filhos do casal, Benjamin, 5, e Vivian, 2. "Hoje organizo a agenda e os trabalhos em torno deles", disse a top em entrevista recente ao Estado. "Aprendi na minha vida que preciso ter prioridade para fazer as coisas bem feitas. Não dá pra você querer tudo ao mesmo tempo." Gisele sabe o que diz, pois construiu a carreira em torno de decisões certeiras. Nos bastidores do agitado mundo da moda, ela é conhecida pelo modo extremamente profissional com que encara cada trabalho, sem ataques de estrelismo e afins. "Acho que o trunfo de Gisele está na educação e na determinação que ela tem", diz a stylist Flavia Lafer, que há anos trabalha em projetos e campanhas publicitárias com a top e, em maio, assina um ensaio para a edição da Vogue Brasil, que traz uma edição comemorativa dos 20 anos de carreira de Gisele. "Ela é o tipo de pessoa que teria sucesso em qualquer profissão. O fato de as irmãs ajudarem nos negócios e nunca terem dado problema mostra como a sua família é bem estruturada". Natural da pequena cidade de Horizontina, no Rio Grande do Sul, Gisele se mantém fiel a suas raízes. "Como boa gaúcha, sou viciada em chimarrão. E em casa tem arroz e feijão quatro vezes por semana. As crianças amam. Também tenho vindo mais ao Brasil por causa delas. Os dois falam português fluentemente", contou ela. Filha de um sociólogo e uma bancária, Gisele tem cinco irmãs - uma delas, Patrícia, gêmea. Foi "descoberta" pelo olheiro Dilson Stein aos 14 anos, em 1994, quando participava de um cursinho de modelos em sua cidade natal para corrigir a postura. "No primeiro dia em que a vi, disse que a Gisele poderia ser uma das melhores modelos do mundo, mas não me levaram a sério", lembra Stein. No mesmo ano, a menina participou do concurso The Look of the Year, realizado pela agência Elite, ficou em segunda lugar e mudou-se para São Paulo para começar a trabalhar.

"No começo, os clientes se incomodavam com o nariz dela", entrega Zeca de Abreu, diretor da agência na época. A história logo mudou e, em 1995, Gisele estampou sua primeira capa de revista, na edição de julho da revista adolescente Capricho. De lá para cá, ela posou para mais de 1200 capas de publicações de todo o mundo. Aos 34 anos, segundo a revista Forbes, Gisele fez mais dinheiro do que qualquer outra modelo na ativa. Só em 2014, calcula-se que tenha faturado algo próximo a US$ 47 milhões. Cifra que certamente não irá mudar com a despedida das passarelas, já que seus contratos publicitários para campanhas de grifes como Chanel, Pantene e Vivara continuam firmes, fortes e über. Como Gisele. / COLABOROU MARIANA BELLEY

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