Netflix vai priorizar conteúdo original em seu catálogo

Diminuição de filmes licenciados no serviço dos EUA deve se refletir no Brasil, com unificação das ofertas

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Por Matheus Mans
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Em breve, ao invés de ter a opção de ver algum filme clássico na sua tela inicial do serviço de streaming Netflix, o usuário deverá encontrar ainda mais episódios de House of Cards, Orange is the New Black e outras produções originais da empresa. Esta é a conclusão de um estudo realizado nos Estados Unidos, que percebeu um crescimento da produções originais da Netflix no catálogo, enquanto os filmes licenciados apresentam forte queda. É o resultado da busca da empresa por um catálogo único em todo o mundo.

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O site Allflicks, que faz monitoramento do produtos oferecidos pela Netflix em quase 20 países, divulgou um estudo informando que o catálogo dos Estados Unidos apresentou uma queda de 6,5 mil filmes em janeiro de 2014 para 4,4 mil filmes em março deste ano – representando uma queda real de 33,2% nos produtos disponíveis.

Enquanto isso, as produções originais só crescem. Em janeiro deste ano, o chefe de conteúdo Ted Sarandos disse que mais de 600 horas de produções originais da empresa serão realizadas. Algumas delas, aliás, com investimento milionário, como o novo filme com Will Smith, que deverá custar US$ 100 milhões.

Os motivos de tal mudança de foco são vários. O primeiro é o desejo de tornar o serviço mais exclusivo. Além disso, muitos canais que produzem conteúdo estão criando seu próprios serviços de streaming, como a HBO. Assim, muitos produtos licenciados são retirados do domínio do Netflix para diminuir a concorrência.

É a dificuldade de renovação dos títulos nos catálogos locais, no entanto, o que mais influencia neste novo rumo. A empresa sempre expressou um desejo de ter um catálogo único em todos os locais em que atua. No entanto, o Netflix, que está presente em 190 países, precisa fazer negociações com as distribuidoras locais, dificultando o objetivo.

“É muito difícil unificar o catálogo de filmes disponíveis. As distribuidoras possuem interesses diferentes em cada país”, disse o vice-presidente de inovação de produtos da Netflix, Carlos Gomez Uribe, em entrevista ao Estado em fevereiro deste ano.

Assim, reduzindo o número de filmes no catálogo americano – que é o maior disponível em todo o mundo –, ficaria mais fácil adaptar os catálogos de outros países para deixar o serviço mais homogêneo.

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No Brasil, o efeito poderá demorar para ser sentido, já que o Netflix ainda está em fase de amadurecimento e o catálogo apresenta franco crescimento. De acordo com o site Filmes Netflix, que faz o monitoramento do catálogo brasileiro do site de streaming, o serviço conta com 3,6 mil produtos, dentre filmes, séries, novelas e desenhos. Em janeiro de 2014, eram apenas 2,5 mil.

Ainda de acordo com o site, dos 3,6 mil produtos no streaming brasileiros, apenas 3% são originais. Entretanto, nos próximos anos, o cenário poderá mudar, já que o País precisará se adaptar para conseguir alcançar o objetivo da empresa em ter um catálogo universal. Para isso, mais produções originais brasileiras e um alinhamento do catálogo deverá acontecer no serviço do País.

“O Netflix continuará investindo em produções originais”, comenta Ricardo Ferreira, do site Filmes Netflix. “Com isso, catálogos de todos os países devem ficar cada vez mais homogêneos, ao contrário do que acontece hoje.”

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