Morre Evandro Lins e Silva, número 1 da ABL

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Por Agencia Estado
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O criminalista piauiense Evandro Lins e Silva, que morreu hoje, aos 90 anos, no Rio, não tinha nenhum romance publicado quando disputou um assento na Academia Brasileira de Letras, em 1998. Mas valeu-se de sua corajosa trajetória na defesa da liberdade para derrotar o pintor e poeta José Paulo Moreira da Fonseca e Maria Alice Barroso e tornar-se imortal, ocupando a cadeira de número 1, que pertencera ao escritor goiano Bernardo Élis, de Ermos e Gerais. Na véspera de sua posse na ABL, em entrevista ao Estado, Lins e Silva, então com 86 anos, avaliava o século que chegava ao fim. "Foi um século cheio de turbulência", dizia. "Eu participei de quase todos os grandes episódios desse período ou então estive muito próximo deles como testemunha, daí esse imerecido destaque." De fato, já durante o Estado Novo (1937-45), Lins e Silva saía em defesa da liberdade, enfrentando o poderoso Tribunal de Segurança Nacional de Getúlio Vargas. Mais tarde, durante os anos de chumbo da ditadura militar (1964-85), defendeu presos políticos. Tempos depois, seria chamado a defender a tese do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo. Como criminalista, um de seus casos mais famosos foi em 1976, quando conseguiu absolver o playboy Doca Street, que numa crise de ciúmes matara a modelo Ângela Diniz, em Búzios. Leitor de Machado de Assis, Anatole France, Eça de Queirós e Guerra Junqueira. Evandro Lins e Silva deixou depoimentos e memórias registrados em obras como A Defesa tem a Palavra, Arca de Guardados e O Salão dos Passos Perdidos.

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