Morre Dith Pran, fotógrafo sobrevivente da guerra no Camboja

Trajetória do repórter do 'The New York Times' foi retratada no filme 'Os Gritos do Silêncio', de 1984

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Por Reuters
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O repórter fotográfico Dith Pran, cujas terríveis experiências no Camboja com o regime dos Kramer Vermelho foi retratada no filme Os Gritos do Silêncio, morreu neste domingo, 30, em um hospital de New Brunswick, em Nova Jersey. Segundo informou o jornal The New York Times, Pran tinha 65 anos e sofria de um câncer no pâncreas. De acordo com o jornal, Pran passou seus últimos dias rodeado por família e amigos, incluindo o jornalista Sydney Schanberg, com quem trabalhou no New York Times durante a guerra civil do Camboja. Conhecido principalmente por seu retrato em Os Gritos do Silêncio, de 1984, Pran trabalhou como tradutor e jornalista como assistente de Schanberg, que considera que o repórter fotográfico salvou sua vida quando ambos foram presos pelo regime do Kramer Vermelho. Obrigado a entrar em um campo de trabalho pelo governo comunista radical que dominou sua pátria em 1975, Pran suportou quatro anos de tortura, e ainda perdeu mais de 50 parentes por conta do grupo Kramer Vermelho, incluindo sua pai, três irmãos e uma irmã. Os familiares de Pran se somam aos outros 1,7 milhões de indivíduos executados ou que morreram por causa da tortura, enfermidade e fome durante o reinado do terror do marxista Pol Pot, entre 1975 e 1979. Depois de escapar da Tailândia em 1979, Pran se mudou para os Estados Unidos e trabalhou como fotógrafo no jornal The New York Times até o ano passado, quando ficou doente. Segundo o diário, ele deixa sua esposa, Bette Parslow, uma filha e três filhos. Pran dedicou sua vida para protestar contra o genocídio cambojano. Ele dirigiu o Projeto de Conscientização do Holocausto Dith Pran, que ensina jovens americanos sobre a era obscura no Camboja. Em 1985, foi nomeado embaixador da Boa Vontade e Alto Comissariado da ONU para refugiados, e fez uma campanha para levar a julgamento por genocídio os Kramer Vermelhos. Após quase uma década de atraso, no ano passado começaram os juízos contra os dirigentes do regime de Pol Pot. Em 1976, Schanberg recebeu um prêmio Pulitzer que aceitou em seu nome e no de Pran, que ainda estava em paradeiro desconhecido. Quando conseguiu escapar em 1979, o americano foi para Tailândia para se encontrar com ele, uma das grandes cenas recreadas no filme. Em Os Gritos do Silêncio, o papel de Pran era interpretado por Haing S. Ngor, outro sobrevivente do genocídio cambojano, que ganhou um prêmio Pulitzer por seu papel.

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