Morenas ganham "vagas" de rainhas do carnaval

Perfil das rainhas de bateria nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro deve mudar em 2001

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Por Agencia Estado
Atualização:

Ao contrário de anos anteriores, quando as louras predominavam, as morenas e mulatas serão maioria entre as madrinhas e rainhas de bateria das escolas de samba do Grupo Especial, que desfilam no domingo e segunda-feira de carnaval no Rio. Só o Salgueiro entra no sambódromo sem uma mulher bonita na frente dos ritmistas. Conservadorismo do mestre Louro, para quem a bateria já é atração suficiente para o público. Até a Mocidade Independente de Padre Miguel ? que lançou a novidade com a modelo Monique Evans, na década de 80, e desistiu nos anos seguintes ? voltou a ter sua rainha. Chamou Mônica Paulo, da própria comunidade, que vem de Rainha da Paz, na frente dos ritmistas da Bateria Nota 10 vestidos de Gandhi. O enredo será Paz e Harmonia, Mocidade é Alegria. Veterana como Monique Evans, a mulata Edicléia das Neves vai desfilar como rainha da bateria da Portela, ao lado da única loura, Adriane Galisteu, a madrinha. A diferença é importante: enquanto a rainha é escolhida pelos ritmistas, a madrinha é convidada pela direção da escola. ?Quase todas as escolas têm as duas, mas preferem mostrar só uma?, explica o carnavalesco Alexandre Louzada. Elas garantem que não há ciúmes. ?Pelo contrário, a gente se entende muito bem e a Adriane é muito carinhosa com a escola?, diz Edicléia. A Grande Rio é outra escola que trocou a loura pela morena. Em 2000, a madrinha da bateria foi Suzana Werner. Agora, a atriz Mônica Carvalho vai desfilar sua morenice e seus olhos verdes dentro do enredo Gentileza X O Profeta Saído do Fogo. Durante o carnaval, Mônica estará vivendo a sensual Socorrinho, da novela Porto dos Milagres. Luma de Oliveira é mais desinibida que a atriz. Ela repete a dose à frente da bateria da Viradouro, que este ano sai com Os Sete Pecados Capitais. Os ritmistas liderados por mestre Cícero vêm vestidos de branco, simbolizando ?a pureza do coração dos homens?. Luma vem fantasiada de luxúria. Os homens vão adorar. Luíza Brunet também vai estar de volta e vestindo fantasia mais comportada, na Imperatriz Leopoldinense. Ela dança na frente da bateria comandada por mestre Beto, num enredo de nome que não tem fim: Cana-caiana, cana-roxa, cana-fita, cana-preta, amarela, Pernambuco...Quero vê descê o suco, na pancada do ganzá. A Paraíso do Tuiuti, com o enredo Um Mouro no Quilombo: Isto a História não Registra, chamou a atriz e bailarina Dil Costa para madrinha da bateria. Ela não é muito conhecida do público, mas se destacou na novela Malhação, da Rede Globo. Os ritmistas entram na avenida de Sons da África e Dil, de Rainha África. Comunidade ? A bela Fábia Borges, da Unidos da Tijuca, só vem ao Brasil para desfilar na escola em que foi criada e que a projetou para a fama. No resto do ano, mora na Espanha, onde trabalha como modelo e representante comercial. A Mangueira, como sempre, elege entre as freqüentadoras da quadra sua rainha da bateria. A eleição na Mangueira está a pleno vapor, mas o resultado só sai dois sábados antes do carnaval. A Caprichosos de Pilares também aposta na comunidade e chamou Ana Gouveia para ser rainha da bateria. O enredo é sobre o Estado de Goiás e os ritmistas vêm vestidos de Festa do Divino. O Império Serrano segue a tradição de Madureira e também terá madrinha e rainha. A primeira é a carnavalesca Maria Augusta, que venceu o antológico carnaval da escola, em 1982, com o enredo Bumbumpaticundumprugurundum. Mas é preciso uma moça bonita na frente da bateria de mestre Antônio Carlos, o Macarrão. Letinha, nascida e criada em Madureira, será a rainha. A União da Ilha, depois de tentar gente famosa, foi pelo mesmo caminho. Sua madrinha é Carol Ribeiro, que desfila de Energia. A Beija-flor de Nilópolis mantém a tradição e virá com a decana das madrinhas da bateria, a Sônia Capeta, que ocupa o lugar há quase 20 anos. Ela é uma bela mulata, moradora do município da Baixada Fluminense.

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