Mais hits e suingue

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Por Redação
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A diferença entre um disco ao vivo de Ivete Sangalo e um registrado no olho do furacão carnavalesco é quase nula. É mais confortável, até, ouvir Ivete em seu habitat natural, na frente da multidão, com os gritos do povo permeando a instrumentação, e certamente maquiando um pouco da simplicidade estética com que as gravações estúdio são construídas. "Não gosto de sofrer com o disco. Se ficar bom, ficou, se não, conserto em cima do palco", disse a cantora ao Estado. Essa ética de guerrilha, de camelô, em que o disco é feito para consumo imediato, quase como um teaser, é a lei do pop moderno brasileiro. Mas deixa a desejar quando pensamos em uma estética que represente a época. Real Fantasia, o novo trabalho de Ivete, por exemplo, em pouco se distancia dos primeiros discos de sua carreira solo. No cerne do disco se encontram as melodias arquitetadas para embalar uma maratona carnavalesca e que, no caso de Real Fantasia, têm futuro: a faixa-título, No Meio Do Povo e Dançando, um dueto com Shakira, disponível apenas pelo iTunes, são apenas algumas das que Ivete deve emplacar. O suingue baiano também não deixa a desejar em manifestações de samba-reggae e samba-rock, que, como sempre, em discos da cantora, são contagiantes o suficiente para tirar o foco das texturas pouco nutritivas do disco. Uma piscadinha para o tecnobrega, um flerte mais sério com a guitarrada marcam presença, mas nos fazem pensar que seria interessante vê-los em diálogo mais direto com o pop internacional. No mais, chega de papo cerebral. Vamos à festa.Crítica: Roberto NascimentoJJJJ ÓTIMOJJJ BOM

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