Lore Koch, discípula de Volpi, lança livro com sua obra

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Por Antonio Gonçalves Filho
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Artistas que tiveram reconhecimento tardio são muitos - e os motivos, quase sempre, injustificáveis. A pintora berlinense Eleonore Koch, há anos morando no Brasil, é um desses casos, assim como Mira Schendel (1919-1988), pintora nascida na Suíça e que também construiu sua carreira no País, hoje mundialmente reconhecida graças a exposições internacionais em museus como o MoMA de Nova York. Aos 87 anos, Eleonore Koch, a única discípula que Volpi teve, conviveu com Mira e outros grandes nomes da arte brasileira, entre eles o neoconcreto Willys de Castro (1926-1988), mas sempre conservou sua autonomia, não se filiando a movimentos. Reservada, ela é em tudo o oposto dos artistas barulhentos hoje disputados em leilões internacionais, embora esteja representada nos melhores acervos particulares do Brasil - entre eles os dos colecionadores de Volpi. Agora, com o lançamento do livro Lore Koch, assinado pelo crítico carioca Paulo Venâncio Filho, o círculo dos admiradores se expande, surpreendidos pela potência de sua pintura intimista, austera, avessa a concessões.Um dos primeiros a atestar a importância dessa obra foi o psicanalista e crítico de arte Theon Spanudis (1915-1986), que teve um papel fundamental na divulgação do trabalho de Volpi (ele, inclusive, doou sua coleção em vida, legando ao MAC obras dele e da aluna Eleonore). Foi Spanudis, aliás, quem aproximou os dois. Eleonore, ou Lore, como os amigos a chamam, não sabe explicar a razão de ter escolhido Volpi como mestre, entre tantos bons pintores. Ela frequentou seu ateliê de 1953 a 1956, sempre aos sábados, e aprendeu com ele a antiga técnica da têmpera, usada pelos pintores italianos entre os séculos 14 e 15. Volpi não era propriamente um pedagogo, mas é possível notar sua influência em duas raras telas de Eleonore que retratam a figura humana, justamente dois dos filhos do pintor, Teto e Djanira (retratados, respectivamente, em 1953 e 1956). Nessas duas pinturas, as marcas das pinceladas livres contrastam com a precisão com que a artista recomporia mais tarde os objetos de suas naturezas-mortas, de um ascetismo típico de Morandi, mas com uma diferença em relação ao italiano: esses objetos, no caso de Eleonore, nunca foram simples pretextos para a pintura. E, além de tudo, a pintora nunca se alinhou aos artistas metafísicos.LORE KOCH - Autores: Paulo Venancio Filho e Fernanda Pitta. Cosac Naify (264 págs., R$ 145). Lançamento: dia 27, às 19h, Martins Fontes (Paulista, 509).As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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