´Linha Direta´ leva ao ar história do Cabo Anselmo

Ele foi considerado o maior traidor da esquerda no Brasil durante a Ditadura Militar

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Na quarta-feira, 4, o Linha Direta Justiça, da Globo, leva ao ar um episódio marcante. O programa irá tratar da história do Cabo Anselmo, considerado o maior traidor da esquerda no Brasil durante a Ditadura Militar. José Anselmo dos Santos foi um marinheiro que fez treinamento de guerrilha em Cuba e esteve exilado no Chile e no Uruguai durante o Regime Militar. Voltou do exílio em 1970, e, preso pelo delegado Fleury, do Dops de São Paulo, foi cooptado pelo regime e passou a trair seus companheiros, atuando como agente duplo da repressão. Ele fingia ser um guerrilheiro, marcava encontros com companheiros de luta armada e os entregava aos agentes do Dops. No programa, o ator Caio Junqueira interpreta o Cabo Anselmo e Antônio Calloni vive o delegado Fleury. Diretor do Linha Direta, Milton Abirached conta que esse episódio da história recente do Brasil foi muito difícil de ser retratado. "É um programa mais específico porque se localiza em uma minoria, o pessoal que era contra o regime. Mas há uma outra visão que se pode ter desse programa, mais universal, que é sobre lealdade e traição. Cabo Anselmo delatou até uma mulher que estava esperando um filho dele", conta o diretor. Anselmo ainda está vivo e, depois de muito esforço da produção, deu entrevista por telefone à Globo. Ele vive sob a proteção de ex-agentes do Dops, que resguarda sua identidade e está na clandestinidade há mais de 30 anos. "Ele se defende da acusação de traição, diz que viu como era o regime socialista em Cuba e não queria isso para o Brasil. Diz que foi uma conversão ideológica, mas, na verdade, ele foi convencido pela grana mesmo", opina Abirached. Entre as pessoas que dão depoimentos ao programa estão ex-companheiros de militância na esquerda.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.