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Laurentino Gomes fecha trilogia com '1889'

Jornalista inicia hoje fase final de pesquisas para terminar livro que deve sair no fim de 2012

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Por Ubiratan Brasil
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Um futuro best-seller entra em sua fase final a partir de hoje, quando o escritor e jornalista Laurentino Gomes viaja para o exterior - a primeira parada será em Portugal até que, no início do ano, ele segue, ao lado da mulher Carmen Sodré Gomes, para os Estados Unidos, onde pretende finalizar 1889, livro que deverá ser lançado no fim de 2012. "Eu e Carmen vamos morar no câmpus da Penn State, a Universidade Estadual da Pensilvânia, situado na cidade de State College, a duas horas e meia de Nova York e a três da Filadélfia", conta ele. "Lá, vou terminar as pesquisas de 1889, sobre a Proclamação da República, com o qual pretendo fechar a trilogia iniciada com 1808 a respeito da construção do Brasil no século 19."

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Os Estados Unidos não foram uma escolha aleatória - segundo Laurentino, há muita produção acadêmica nos EUA sobre o Brasil republicano e lá ele pretende manter contato com os inúmeros brasilianistas que hoje se dedicam ao tema. "Também farei pesquisas na Biblioteca Oliveira Lima, da Universidade Católica de Washington", completa. "É um belíssimo acervo de livros e estudos sobre o século 19 doado à universidade pelo famoso diplomata e historiador pernambucano Manuel de Oliveira Lima."

Ao contrário das obras anteriores que compõem a trilogia, a bibliografia agora é mais vasta. "Até agora, a soma é de mais de 150 obras, bem maior do que a dos dois livros anteriores: a de 1808 tinha cerca de 100 livros e a de 1822, por volta de 120."

Na bagagem, Laurentino vai levar mais de cem livros já adquiridos em sebos e livrarias brasileiras. "Por enquanto, consegui ler 32, mas já venci etapas importantes, como toda a obra de José Murilo de Carvalho, de Heitor Lira, Raymundo Magalhães Junior, Hélio Silva e Lília Moritz Schwarcz, todos grandes especialistas no assunto."

Divulgador (termo que prefere a 'historiador'), Laurentino sabe ainda que, com o novo livro, deverá provocar mais discussões, uma vez que o assunto (a proclamação da República) já foi intensamente pesquisado e debatido. "Era algo que já esperava pois, à medida que aumenta o número de obras referenciais, cresce também a quantidade de estudiosos do assunto", comenta.

Com uma venda que já ultrapassa mais de dois milhões de exemplares (os livros já saíram em versões juvenis), Laurentino cultiva o sucesso graças principalmente ao estilo simples da linguagem que adota. Ao partir sempre do princípio de que o leitor não conhece assunto tratado, ele procura ser didático sem ser chato. E isso sem preencher lacunas do conhecimento histórico com ficção e diálogos inventados, recurso adotado com frequência.

Outro recurso que reforça o êxito é a aposta em figuras e não em fatos. Assim, em 1808, o grande personagem foi D. João VI, personagem habitualmente visto sob um olhar caricato (homem preguiçoso e devorador de frangos), mas que teve grande importância na arrancada desenvolvimentista do Brasil. Já em 1822, destacam-se José Bonifácio e a Imperatriz Leopoldina, figuras que auxiliaram decisivamente D. Pedro I em suas decisões. Para 1889, Laurentino adianta que cuidará do marechal Deodoro da Fonseca, proclamador da República. Também não vai se esquecer de uma figura feminina, como a Condessa de Barral, grande paixão do imperador D. Pedro II (leia abaixo).

Os dois livros já publicados deverão ganhar tradução em inglês e entrar no cobiçado mercado norte-americano, aproveitando a atual boa imagem do País no exterior. "Além de estudar, Carmen vai cuidar também do lançamento americano de 1808", conta. A obra já foi traduzida pelo professor Andrew Nevins, da Universidade de Londres, que agora também está às voltas com a versão de 1822. "Jonah Strauss, nosso agente literário em Nova York, acredita que os dois livros podem ter grande interesse do público americano e europeu às vésperas da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. Segundo ele, são obras que explicam o Brasil em linguagem simples e atraente no momento em que esse grande BRIC desperta muito curiosidade lá fora."

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