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Judith Butler é agredida ao embarcar no aeroporto de Congonhas

Agressora chegou a empurrar a norte-americana com o cartaz feito de madeira e cartolina

Por Catharina Obeid
Atualização:

A filósofa Judith Butler, 61 anos, foi agredida ao embarcar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira 10. A escritora estava na área de check-in quando foi perseguida por uma mulher que segurava um cartaz com a foto de Butler envolta no símbolo de proibido. Além de xingamentos, a agressora também chegou a empurrar a norte-americana com o cartaz feito de madeira e cartolina.

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A agressora foi identificada como Celene de Carvalho. Celene, que trabalha no ramo de hotelaria, participou do protesto contra a filósofa na última terça-feira, dia 7. Em entrevista ao Estadão ela explicou os motivos de sua presença. "Ela é personificação da ideologia de gênero, uma falsa acadêmica que defende uma falsa ideologia". 

Judith Butler é pesquisadora da teoria queer Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

Uma testemunha, a MC Danieli Lima, estava no local e tentou intervir. "Falei que ela não podia fazer aquilo, que estava sendo violenta e homofóbica, além de muitas outras coisas. Ela olhou pra mim, abriu os braços e gritou: Quem é você? Você é feia! Olha esse seu cabelo, olha essa sua cor, vai arrumar o cabelo. Você é feia!", conta em sua página no Facebook.

Danieli, que presenciou a situação, conta que a reação de Judith foi tranquila, na medida do possível. A atriz e MC de 30 anos correu o risco de perder seu vôo para o Rio de Janeiro para prestar queixa na delegacia. Na opinião dela, as pessoas têm dificuldades em admitir para elas mesmas - quanto mais para os outros - que são racistas. "Ouvi uma parte do depoimento da Celene e ela falou 'eu só falei que ela era feia, não posso achar alguém feia?'"

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Em uma de suas palestras ministradas no Sesc, em São Paulo, a pensadora afirmou que o ódio vem do medo da diferença. Danieli concorda, mas acredita que atitudes como essa também são fruto do medo da força que esses grupos de militância têm conseguido ultimamente. "As pessoas querem que a gente continue na nossa senzala contemporânea, na nossa 'favelinha', é isso que elas desejam, é o medo de disputar os espaços e os privilégios", analisa.  

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O grupo Ativistas Independentes filmou ao vivo a movimentação. Em um trecho do vídeo é possível ouvir a mulher planejando a agressão. "Acho que o que nós precisamos fazer é esperar, ela vem pra cá despachar a bagagem e podemos cercar e seguir ela por aqui". 

Confira o vídeo abaixo:

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