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José Saramago revê posição e critica Cuba

Por Agencia Estado
Atualização:

"Até aqui eu cheguei. De agora em diante, Cuba seguirá seu caminho, eu fico por aqui", escreveu o português premiado com o Nobel de Literatura José Saramago em um artigo publicado hoje pelo jornal espanhol El País. No artigo, o premiado escritor, que durante muitos anos apoiou o governo de Fidel Castro, considerou imperdoáveis as execuções de três cubanos acusados de terrorismo que seqüestraram uma balsa na semana passada. "Cuba não ganhou uma batalha heróica ao executar esses três homens, mas perdeu minha confiança, destruiu minha esperança e traiu meus sonhos", afirmou. Saramago, um comunista ganhador do Nobel de literatura em 1998 que foi muitas vezes criticado por exilados cubanos por seu apoio à revolução em Cuba e a Fidel Castro, lembrou que "discordar é um direito" escrito "com tinta invisível em toda declaração de direitos humanos". O governo cubano executou na sexta-feira passada três homens sumariamente condenados por assaltar uma balsa com o propósito de fugir para os EUA. Para Saramago, o seqüestro de um barco ou de um avião é um delito severamente punível em todos os países do mundo, mas os seqüestradores "não são condenados à morte, especialmente quando se leva em conta que não houve vítimas". Ao mesmo tempo, os ministros de Relações Exteriores da União Européia condenaram nesta segunda-feira a recente repressão a dissidentes e a execução dos três seqüestradores, advertindo que a violação aos direitos humanos poderia afetar as relações bilaterais. "Estes acontecimetos recentes que marcam uma maior deterioração na situação dos direitos humanos em Cuba afetarão as relações da UE com Havana e as possibilidades de uma maior cooperação", disseram os ministros. Pediram, além disso, a "libertação imediata" de todos os prisioneiros políticos. Também hoje, a A União Européia advertiu que a execução dos três homens, acusados de ato terrorista pelo regime de Fidel Castro, por terem seqüestrado uma lancha, no começo de abril, poderá reverter as relações entre a União Européia e Cuba.

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