Homer Simpson, o brasileiro médio, segundo Bonner

O apresentador e editor do Jornal Nacional William Bonner causa polêmica ao comparar o telespectador ao personagem Homer Simpson

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Por Agencia Estado
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Homer Simpson tem 1m83, pesa entre 108 e 119 quilos, tem entre 36 e 39 anos e usa roupas tamanho extra-grande. Certa ocasião, vendeu a alma por um donut e, numa briga com uma máquina de refrigerantes, ficou entalado com os dois braços na máquina. Nunca leu um livro e vê TV compulsivamente. Trabalha numa usina nuclear, e sua única função é apertar um botão. Uma de suas máximas filosóficas: "Se algo der errado, culpe o cara que não fala inglês." Pois bem, Homer Simpson, personagem de Matt Groening, está no centro de uma controvérsia do tamanho de sua barriga. No dia 23, um grupo de professores da USP visitou a TV Globo para acompanhar a produção do Jornal Nacional -maior telejornal do País, 43 pontos de audiência (cerca de 31 milhões de espectadores por minuto). Em dado momento, o apresentador e editor do jornal, William Bonner, definiu o espectador médio do noticiário como Homer Simpson, alguém com dificuldade para entender siglas e coisas mais "complexas". Uma daqueles acadêmicos, o professor Laurindo Lalo Leal, externou sua preocupação com a visão de Bonner em artigo na revista Carta Capital. Hoje, William Bonner respondeu a Leal em nota. Bonner explica que sua preocupação, no Jornal Nacional, é a de dirigir-se com didatismo a brasileiros de todos os níveis sociais e graus de escolaridade. "Neste desafio, como exemplo do que seria o público médio nessa gama imensa, às vezes cito o personagem Lineu, de A Grande Família. Às vezes, Homer, de Os Simpsons. Nos dois casos, refiro-me a pais de família, trabalhadores, protetores, conservadores, sem curso superior, que assistem à TV depois da jornada de trabalho. No fim do dia, cansados, querem se informar sobre os fatos mais relevantes do dia de maneira clara e objetiva. Este é o Homer de que falo", afirmou. Segundo ele, Laurindo Leal vê Homer de maneira diferente da sua: em vez de trabalhador, preguiçoso. "Não sei para quantos professores e estudantes citei Homer, ou Lineu, como exemplo. Mas jamais tive informação de que alguém guardasse imagem tão preconceituosa, tão negativa do personagem do desenho", afirmou, dizendo-se envergonhado de ter de explicar sua atitude. "Eu, como trabalhador, pai de família protetor, meio Lineu, meio Homer, reconheço humildemente meu fracasso no desafio de ser claro e objetivo para todos os meus interlocutores daquela manhã."

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