Escândalo na BBC gera problemas ao próximo CEO do New York Times

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Por JENNIFER SABA
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O escândalo que explodiu na emissora pública britânica BBC, envolvendo alegações de abuso sexual contra o apresentador de TV Jimmy Savile, está levando a questionamentos embaraçosos para o próximo chefe-executivo do New York Times, Mark Thompson. A BBC enfrenta uma investigação parlamentar e policial sobre Savile, o excêntrico apresentador do lendário programa musical "Top of the Pops" da emissora que morreu no ano passado, aos 84 anos. Ele foi acusado de abusar sexualmente de um grupo de mulheres e meninas --algumas com 13 anos-- ao longo de seis décadas. As investigações acontecem após um relatório bombástico que foi ao ar no início deste mês na emissora rival ITV sobre as alegações. Ex-executivos da BBC admitiram que havia rumores sobre Savile, mas rejeitaram as insinuações de que tinham fechado os olhos para os abusos cometidos por celebridades. Mark Thompson passou a maior parte de sua carreira na BBC, passando de estagiário, em 1979, para cargos importantes em programas populares, como o "Newsnight" e "Nine O'Clock News", antes de ser nomeado diretor-geral, que é considerada a posição mais poderosa na indústria de TV do Reino Unido. O "Newsnight", telejornal carro-chefe da BBC, estava trabalhando em sua própria investigação sobre as alegações sobre Savile, que foi cancelada no ano passado, levando a acusações de acobertamento. A BBC negou que tenha arquivado o programa para manter as alegações sob sigilo. A emissora está atualmente investigando o assunto e cooperando com a polícia. Um artigo do New York Times no sábado apontou que Thompson estava no cargo mais alto do "Newsnight" quando o programa foi cancelado. Thompson, que assume o cargo de CEO do New York Times no próximo mês, disse em um comunicado: "Eu não fui notificado ou avisado sobre a investigação do 'Newsnight', nem estava de alguma forma envolvido na decisão de não completar e transmitir a investigação." "Eu não tenho nenhuma razão para duvidar da declaração pública do editor do programa, Peter Rippon, de que a decisão de não prosseguir com a investigação era totalmente dele, e que foi feita apenas por razões jornalísticas", acrescentou. "Durante meu tempo como diretor-geral da BBC, eu nunca ouvi acusações ou recebi qualquer reclamação sobre Jimmy Savile." Nenhuma prova surgiu para mostrar que Thompson sabia sobre a decisão do programa ou acerca do suposto comportamento de Savile. A BBC é uma vasta organização com 22.000 funcionários que trabalham em seus oito canais nacionais de TV, 50 estações de rádio e um extenso website.

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