P: O que o atraiu na história de Houdini?
R: Apaixonei-me pela mágica muito cedo. Comecei a aprendê-la e a sonhar em ser mágico ainda com seis anos de idade, e Houdini era uma grande inspiração.
Ser ator veio depois dessa introdução à atuação. Vejo paralelos, e como foi um pontapé inicial para entender como tornar algo seu, tornar um papel seu, criar uma ambientação e se conectar a ela. Tudo deriva do desenvolvimento e da criação desta ilusão, que aprendi muito cedo.
P: Este papel mudou a maneira como você vê sua infância?
R: Ele me fez me reavaliar como homem. Principalmente porque testemunhei o que esse homem aguentou em nível menor, com o risco envolvido, sua determinação, o desconforto que deve ter sentido, a pressão de todos seus números e seu empenho incansável para superar estes obstáculos.
P: O que você aprendeu em especial?
R: O que eu não sabia na infância e na adolescência sobre Houdini era que ele teve muitos fracassos pelo caminho, e decepções. Ele acabou se diferenciando de outros mágicos de sua época por se tornar um especialista em fugas, e ninguém fazia uma apresentção como ele, então ele percebeu como se colocar acima do resto.
P: Pode falar da tensão espiritual dentro dele?
R: Todos nós temos forças diferentes nos puxando em direções diferentes, e ele desejava profundamente acreditar no sobrenatural.
P: Mas a minissérie se concentra muito na campanha de Houdini contra o movimento espiritualista dos anos 1920.
R: Acho que isso o desviou do caminho. Ele teve sucesso lutando contra isso, mas vejo o caso como uma batalha jurídica sem fim sobre a qual ele tinha uma certeza ardente e na qual por fim prevaleceria, mas o preço foi muito grande para ele e, até certo ponto, para sua carreira e criatividade.
P: O que é duradoura na história de Houdini? Seu nome ainda causa um grande impacto quase 90 anos depois de sua morte.
R: O que ele representa é que você pode superar e vencer a maioria dos obstáculos se se dedicar a isso de corpo e alma, e a maioria das pessoas não têm a vontade e a resistência que Houdini possuía. É uma coisa mental no final das contas. Se você acha que não vai aguentar alguma coisa, não aguenta.
Esse empenho é extremo, mas muito admirável. É digno de nota, mas também é digno de nota como lembrete de que este país permite que esse tipo de milagre aconteça, mais do que qualquer outro lugar do mundo.
É um exemplo disso. Minha mãe fugiu da Hungria durante a revolução de 1956 e imigrou para os Estados Unidos. Meus pais trabalharam muito duro, e não conhecíamos ninguém no ramo do cinema. Com incentivo e disciplina, e uma dose de tenacidade da minha parte, e sorte, consegui o impossível.