Dubladores querem saber: ´Você se lembra da nossa voz?´

Chiquinha, Patolino, Homem-Aranha, Pernalonga e Zé Colméia almoçaram juntos

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Por Redação
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Anônimos e, ao mesmo tempo, famosos. Homem-Aranha, Pernalonga, Pateta, Chiquinha, Beackman - melhor dizendo, as vozes deles - se reuniram no último sábado em um restaurante de São Paulo. Motivo: comemorar o ´Dia dos Dubladores´ (29 de junho) e homenagear um velho conhecido, o ator Mario Jorge Montini, um dos pioneiros da dublagem no País. "Muitas pessoas reconhecem alguma coisa, mas não sabem exatamente o quê. Então eu digo: ´Você não sabe quem eu sou, mas acho que conhece a minha voz´", diverte-se a atriz Cecília Lemes, que interpreta ninguém menos do que a Chiquinha, do seriado Chaves. "Quando as pessoas descobrem quem sou eu, sempre pedem para que eu imite a personagem." Cecília também diz ter algumas características parecidas com a atriz que interpreta: "Sempre fui espevitada quando criança, choro à toa e também sou sensível como ela". Desde criança imitando a voz do urso Zé Colméia, Élcio Sodré não teve problemas ao tornar-se dublador. Melhor ainda foi quando teve a oportunidade de interpretar o próprio personagem. Sodré também dublou o cavaleiro do zodíaco Shiryu e o famoso cão Pateta, da Disney. "Sempre me identifico com algo do personagem que estou dublando. Não só eu, como o diretor que me escalou. Sinal que ele viu alguma coisa minha do personagem." O start na carreira ocorreu após um curso de locução. No almoço, ao lado de Chiquinha, Zé Colméia e tantos outros, o melhor amigo de Obelix, Asterix, ria alto na voz de Carlos Silveira. O ator também dubla Lester (série O Mundo de Beackman) e Golan (O Senhor dos Anéis). Outro que marcou presença no evento foi Flávio Dias, responsável por criar a conhecida voz do Patolino. (Além do pato, o ator foi o responsável dublar 80 capítulos do desenho Pernalonga, o dinossauro Barney e o personagem que, para ele, é o mais gratificante: o Beackman, da série O Mundo de Beackman.) "O fato de ser um programa instrutivo faz as crianças aprenderem de maneira brilhante, apenas assistindo." Além da gratificação, ele acredita que tem uma identificação com o Beackman. "Eu hoje sou diretor de teatro e acredito que o profissionalismo e a dedicação do Beackman são características semelhantes as minhas". Dublagem A dublagem é a substituição da voz original de produções audiovisuais (filmes, desenhos animados, telenovelas, documentários) pela interpretação de um dublador, quase sempre em outra língua. Há, também, dublagem no mesmo idioma, usada para melhorar a entonação do som original, recurso principalmente de comerciais. A carreira de muitos acontece ´sem querer´, como é o caso de Mauro Eduardo, que começou no teatro em 1976 e, dez anos depois, teve a oportunidade de dublar seu primeiro personagem, o Giráia. A partir daí não pararam de surgir oportunidades. Narrou a série Anos Incríveis, dublou diversos desenhos japoneses, no entanto o que lhe abriu as portas foi a série de desenhos do Homem-Aranha nos anos 80. "O Aranha foi quem me ajudou, mas trato todos os meus personagens como se fossem filhos. Cada um tem a sua importância." Apesar do momento de celebração, ´as vozes´ presentes se mostraram insatisfeitas com o pífio reconhecimento da profissão no País. "Nosso trabalho não é valorizado aqui. Apenas os nossos fãs que nos reconhecem", disse a ´Chiquinha´ Cecília Lemes. "Os dubladores não recebem os créditos no final das obras, por isso as pessoas não sabem quem somos", emendou Flávio Dias, ou melhor, Pernalonga e Patolino. Primeira voz Os dubladores tiveram um motivo nobre para o almoço de sábado, que foi acompanhado pela reportagem do JT. Todos estavam ali para uma festa surpresa em homenagem aos 80 anos do ator e dublador Mário Jorge. Pioneiro na arte de narrar no Brasil, Jorge fez a voz de personagens marcantes como O Chefe, do filme Agente 86; Sargento Garcia; da série Zorro; e Fonzy, do Muppet Show.

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