Décio Pignatari por Augusto de Campos

'O Brasil das sobras nem imagina o que perdeu. O filtro do tempo vai ensinar', diz concretista

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Por Redação
Atualização:

A pedido do Estado, o poeta Augusto de Campos relembra o amigo Décio Pignatari, também poeta e tradutor, morto no domingo, 2:

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"Décio era um extraordinário poeta e pensador. O maior poeta-inventor da minha geração, e um dos maiores da literatura de língua portuguesa de todos os tempos. Radical adversário da ‘geleia geral’, nunca recebeu prêmio nenhum por seu trabalho. Incomodava universidades e academias.

Apesar de amplamente reconhecido como um dos fundadores da poesia concreta, era muito mais do que isso e morre - Oswald da minha geração - incompreendido e injustiçado como esse.

Não me convence o pós-blablablá de inimigos e pós-amigos de última hora que sempre hostilizaram a poesia de ponta e agora põem a cabeça de fora. Lembro do que Maiakovski escreveu sobre Khlébnikov: ‘Onde estava essa gente enquanto ele vivia?’ O Brasil das sobras nem imagina o que perdeu. O filtro do tempo vai ensinar."

 

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