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Curtis Mayfield repaginado

Rodrigo Campos faz hoje releitura do lendário LP Super Fly

Por Emanuel Bomfim
Atualização:

Do discurso paulistano afiado na célula do samba, Rodrigo Campos se viu um cronista de apelo cinematográfico. O resultado está em um dos discos mais surpreendentes de 2012, Bahia Fantástica, lançado pelo cantor no início do ano.Quem ouve não diz, mas o funk/soul de Curtis Mayfield foi uma da principais referências na composição do álbum. Em especial a obra-prima do soulman, Superfly, lançada em 1972."Ele veio como uma alma para o meu trabalho. O soul está lá, o groove está lá de alguma maneira, mas esteticamente é mais diluído", explica o compositor em conversa com o Estado.A ponte nada óbvia entre Campos e Mayfield era tudo o que o jornalista e pesquisador Ramiro Zwetsch precisava para agregar ao seu projeto Radiola Urbana 1972 - que inclui uma série de cinco shows no CCJ, na zona norte de São Paulo, abastecidos por discos fundamentais editados há 40 anos. Quatro já se passaram. O último será justamente hoje, com Rodrigo Campos e banda, levando ao palco uma releitura de Superfly."Eu me identifiquei com essa coisa dele contar as histórias e elas se passarem no gueto, que não é aqui, em São Paulo, mas que de alguma maneira dialoga", diz o cantor de voz mansa.O encontro imaginário dessas periferias distantes, do soul de lá com o samba moderno de cá, não tem como objetivo apenas reproduzir as faixas originais, tampouco o falsete endiabrado de Curtis."Eu procurei ter uma assinatura", conta Rodrigo, que ficará mais na retaguarda do que na linha de frente. Desconfortável com o inglês, ele colocou para cantar Juçara Marçal, Tony Gordin e Marcela Ribeiro. Quando assumir os microfones, será para interpretar faixas de seu Bahia Fantástica. "Você vai reconhecer o Curtis e vai perceber a relação dele com o meu trabalho."

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