Christiane Torloni e Murilo Rosa encenam o jogo da sedução

Com Blue Room, eles levam ao palco as fantasias eróticas que movimentam dez encontros de casais. Com direção de José Possi Neto, peça estréia sexta no Tuca

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Por Agencia Estado
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Alguns dos fetiches e desejos mais comuns serão levados ao palco na peça Blue Room, que estréia sexta-feira no Tuca e traz no elenco Christiane Torloni e Murilo Rosa. Sob o comando do diretor José Possi Neto, os atores encenam dez encontros de casais com histórias de vida diferentes. "A peça é uma comédia que apresenta de forma quase dramática os encontros e as fantasias de cinco pessoas diferentes", explica Possi. Blue Room foi escrito em 1922 pelo alemão Arthur Schnitzler, mas a versão para o teatro é de David Hare. Uma das peculiaridades da peça, que escandalizou a Europa quando foi encenada ali pela primeira vez, no século passado, é o fato dela não trazer subsídios para a criação dos personagens. "Tivemos de inventar a história de cada uma das pessoas porque o público só vê os encontros dos casais, mas nunca sabe de onde eles vêm, para onde vão e porque estão fazendo aquilo", diz o diretor. Por esta razão, a vida de cada personagem foi resultado da criação conjunta dos atores e do diretor, e isso possibilitou que eles colocassem fantasias próprias na vida dos personagens. "Todo mundo já sentiu desejo em sair com um motorista de táxi ou com a empregada da casa", diz Possi. Testemunha ocular - O espectador é uma espécie de testemunha ocular dos encontros sexuais que se passam no Blue Room e que geram uma teia de relações. O primeiro encontro se dá entre uma prostituta e um motorista. O mesmo motorista transa com a empregada, que transa com o filho da dona da casa, que transa com a amiga da mãe e assim por diante, sendo que os encontros seguintes são do marido da dona da casa com uma modelo, desta com um escritor, deste com uma atriz, que por sua vez mantém relações sexuais com o motorista, que volta a se encontrar com a prostituta. Em apenas um dos dez encontros os atores ficam completamente nus em cena. "A nudez tem muito significado. Quando a pessoa tira a roupa está se expondo completamente na frente da outra, e muitas vezes elas querem apenas sexo e não têm coragem de se envolver", opina Murilo Rosa. Numa das cenas, a atriz se nega a ficar nua na frente do escritor e ele lhe diz: "Mas eu já vi você nua no teatro e no cinema", no que ela responde: "Mas quando eu atuo é diferente". Loucura? Não mesmo, diz a atriz Christiane Torloni, que já posou nua três vezes e garante que sente muita dificuldade em tirar a roupa em cena. "É até engraçado dizer isso, mas me sinto mais à vontade de posar para uma revista masculina." Murilo Rosa explica que sente o mesmo que a personagem, que é atriz. "Fiz uma peça em que passava o tempo todo nu. É claro que era o Murilo que estava sem roupa, mas, como estava interpretando, não sentia vergonha. No meu caso, ficaria tímido de posar para alguma revista." Blue Room, ao contrário do que as pessoas possam pensar, não é uma peça sobre sexo, mas sobre desejo e o jogo da sedução. "O desejo é universal, o que muda é a maneira de aproximação. Isso sim é cultural", diz Rosa. Blue Room. Tuca (Rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes, tel.: 3670.8453/ 3670.8455). Sextas e sábados às 21h, e domingos às 18h. De R$ 20 a R$ 30.

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