Selton Mello, o Chicó de O Auto da Compadecida, comentou a morte de Ariano Suassuna e o legado do autor para a cultura brasileira. Dirigido por Guel Arraes em 2000, com roteiro de Adriana Falcão.
Inspirado na peça homônima que Ariano Suassuna escreveu em 1955, o longa é um dos maiores sucessos da retomada do cinema brasileiro e virou série para a TV.Com muita sensibilidade, o ator declarou ao Estado:
"E o Brasil ficou mais pobre .
E triste.
Ariano, poeta entendedor do Brasil profundo .
Defensor de nossa riqueza cultural e emocional .
Sua obra descomunal fica para sempre.
Tive a honraria graúda de dar vida a um de seus passarinhos (era como se referia a seus personagens queridos).
Chicó fui eu, Chicó é Ariano, Chicó é tu.
Chicó e João Grilo têm morada no coração dos brasileiros.
E na minha mente e coração sempre estarão gravadas as palavras sublimes que proferi em O Auto da Compadecida:
"Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados."
Celebre-se o homem, celebre-se o brasileiro, celebre-se o artesão das palavras .
E se um dia perguntarem se tudo que criou foi exatamente assim como ele idealizou, imaginarei Ariano dizendo com um sorriso de menino nos lábios: "Não sei, só sei que foi assim.""