BRASÍLIA - Considerada Patrimônio Mundial pela Unesco, Brasília tem alguns dos principais espaços culturais fechados há anos para reestruturação. Entre eles o Teatro Nacional Claudio Santoro e o Museu de Arte de Brasília (MAB), ambos nem sequer têm prazo para início das obras, além do Espaço Cultural Renato Russo e o Centro de Dança do Distrito Federal (DF).
Com o fechamento do teatro, a Orquestra Sinfônica passou cerca de dois anos e meio sem local fixo para ensaios e apresentações. De 2014 a 2016, os músicos da orquestra passaram por pelo menos cinco lugares da cidade, incluindo auditórios de escolas, com o ônus de ter que deslocar instrumentos caros e frágeis a cada mudança.
Na entrada, uma placa anuncia a conclusão de uma reforma em maio de 2015, uma das três iniciativas do governo do DF que fracassaram para revitalizar o local. Outra pintura dentro do prédio ainda registra a última exposição do museu, Tommasi em Retrospectiva, do artista plástico Walter Tommasi, em 2006.
O MAB foi fechado para reforma em 2007 por recomendação do Ministério Público, que considerou o edifício um risco para o acervo, avaliado em RS$ 8 milhões. Por fim, todas as peças foram transferidas para uma reserva técnica do Museu da República, fora da área de visitação.
Para o arquiteto e especialista e patrimônio histórico Rogério Carvalho, a transferência das obras do MAB é uma “temeridade”. Ele considera o cenário cultural de Brasília “completamente comprometido”. “Os espaços de cultura mais importantes estão fechados. Há uma defasagem e a população não tem acesso a espaços culturais de qualidade”, declarou.
Reformas. Em processo de revitalização, o Espaço Cultural Renato Russo está fechado desde janeiro de 2014. Após ficar abandonado por cerca de dois anos, a reforma do local foi orçada em quase R$ 6 milhões. A previsão era de que o centro ficasse pronto em março deste ano, porém o prazo foi adiado. O local tem teatro, salas de ensaio, galpão de artes e biblioteca.
O espaço foi aberto em 1975 e, em 1977, foi criado o Centro de Criatividade, onde ocorriam aulas, ensaios e oficinas. Após passar por revitalização, em 1986, o espaço foi reinaugurado no formato atual em setembro de 1993 e rebatizado com o nome do músico Renato Russo.
Também em meio a um processo de recuperação, o Centro de Dança do DF, destinado a pesquisa, ensaios, oficinas, workshops e cursos da área, está com as obras atrasadas. A previsão era de que o local, fundado em 1993 e fechado desde 2013, fosse entregue à população em novembro do ano passado, mas o prazo não foi cumprido. A Secretaria de Cultura afirma que até o fim do ano a reforma de adequação, avaliada em R$ 3,2 milhões, deve ser concluída.Lei pode garantir a manutenção de equipamentos A Secretaria de Cultura do Distrito Federal informou que está desde 2015 com um programa de recuperação dos equipamentos culturais da capital. Sobre o Teatro Nacional, disse que está fechando um acordo de cooperação com o Ministério da Cultura para viabilizar o início das obras ainda neste ano.
De acordo com a secretaria, a reforma do Museu de Arte de Brasília está em fase de orçamento, novamente. A previsão do governo é que ainda leve pelo menos um ano para ser realizada, com um orçamento avaliado em R$ 13 milhões.
A secretaria informou ainda que fez um avanço em gestão e trabalha neste momento na Lei Orgânica da Cultura (LOC), que prevê a criação de fundos e fundações para garantir sustentabilidade e manutenção permanente dos equipamentos culturais. A proposta está em tramitação na Câmara Legislativa do Distrito Federal.