Brasil e Cuba dividem a noite no Cine Ceará

<i>Querô</i> e <i>La Edad de la Peseta</i> deram prosseguimento à mostra competitiva

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Por Redação
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Querô, pelo Brasil, e La Edad de la Peseta, por Cuba, deram prosseguimento à mostra competitiva do Cine Ceará. Querô foi muito bem recebido pela platéia do Cine São Luís, o que era de se esperar, por sua contundência e carisma do personagem-título, interpretado por Maxwell Nascimento. Peseta foi prejudicado pelo horário da exibição, pois foi o segundo filme apresentado. Isso sempre acontece com os festivais que insistem nas sessões duplas noturnas - um dos concorrentes leva a pior e é exibido com sala pela metade, ou menos. Querô não é propriamente um filme inédito no circuito dos festivais. Concorreu em Brasília no ano passado e acabou de vencer o Festival de Cuiabá. A maior parte da crítica já conhece sua força e algumas de suas fraquezas. Entre estas, destacam-se os monólogos do personagem, maldizendo sua sorte, e que, por paradoxo, atenuam o vigor da situação exposta. Entre as muitas virtudes, um sentido de câmera precisa, próxima aos intérpretes, colocando a linguagem do filme na corporalidade mesma da história escrita por Plínio Marcos. La Edad de la Peseta tem esse título misterioso, tirado da expressão cubana que define a idade entre 7 e 11 anos, como "a mais chata". Quem está na idade da peseta é o garoto Samuel (Ivan Carreira), filho de mãe separada, que vive na moralista Cuba do final dos anos 1950. Os rebeldes já se instalaram na Sierra Maestra, Batista balança no poder, e Samuel vai viver na casa da avó, uma fotógrafa interpretada pela espanhola Mercedes Sampietro. O tom histórico é dado por imagens documentais de Fidel Castro discursando, no início do filme, e dos rebeldes, já vitoriosos, entrando em Havana, em 1960. Mas os solavancos da história cubana servem apenas de pano de fundo para um filme centrado nas dores e alegrias do crescimento, com suas inseguranças, a descoberta da sexualidade e outras tantas lições que se aprendem (ou não) na pré-puberdade. A ambientação é romântica, há música em excesso e fotografia em tons dourados. Boa direção de arte para um filme de época, mas todas essas qualidades são insuficientes para fazer de La Edad de la Peseta um trabalho de fato marcante.

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