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Artistas protestam contra extinção do MinC e ocupam prédios públicos

Atos em São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Cuiabá, Curitiba e em outras cidades também foram registrados

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Por Redação
Atualização:

Artistas, produtores, servidores públicos e integrantes de movimentos sociais estão realizando ações em diversas capitais do Brasil em protestos contra a extinção do Ministério da Cultura. O MinC foi incorporado ao Ministério da Educação em um dos primeiros atos do governo do presidente em exercício Michel Temer.

Em São Paulo, membros da classe artística e cultural se reuniram na noite de terça-feira, 17, no Teatro Oficina, para uma mobilização contra o fim do MinC. Mais cedo, diversos artistas ocuparam a sede da Funarte – Fundação Nacional das Artes, em São Paulo. Atos no Rio, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Cuiabá, Curitiba, Salvador e Natal também foram registrados.

Manifestantes fazem protesto contra o presidente em exercício Michel Temer e contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff em São Paulo, na terça, 17 Foto: DANIEL TEIXEIRA|ESTADAO

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Brasília. Na capital federal, cerca de 150 servidores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), antes vinculado ao Ministério da Cultura (MinC), fizeram um protesto, na manhã desta quarta-feira, 18, contra a extinção da pasta. Eles exibiram cartazes com as inscrições "amanhã vai ser outro dia", "pelas liberdades democráticas" e "fica, MinC". Depois, de mãos dadas, "abraçaram" o prédio em Brasília. Leia mais.

Rio. Caetano Veloso e Arnaldo Antunes participarão de shows na ocupação do prédio do Ministério da Cultura no Rio, engrossando o coro de artistas que demandam a saída do presidente em exercício Michel Temer e o resgate do MinC, extinto pelo novo governo e subordinado ao Ministério da Educação. O prédio está ocupado desde segunda-feira, 16, por dezenas de artistas e trabalhadores da cultura, das áreas de teatro, cinema, música e dança. Leia mais.

Belo Horizonte. Artistas e integrantes de movimentos sociais entram nesta quarta-feira, 18, no terceiro dia de ocupação da Fundação Nacional de Artes (Funarte) em Belo Horizonte.Antes do início da ocupação, na noite de domingo (15), uma assembleia foi realizada próximo ao prédio da Funarte, no bairro Floresta, Região Leste da capital, que contou com a participação de aproximadamente 400 pessoas. Durante a manifestação são realizadas apresentações culturais e manifestos.

Na assembleia de domingo ficou acertado que aproximadamente 20 pessoas ficariam permanentemente no prédio. Na quinta, 19, dentro dos protestos contra o governo federal na cidade, a Frente Brasil Popular em Minas Gerais realiza ato Fora Temer a partir das 17h. A entidade reúne centrais sindicais, representações estudantis e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

Salvador. Um grupo de manifestantes que integra o movimento cultural na Bahia está ocupando desde a manhã da terça-feira, 17, o prédio onde funciona a representação do Ministério da Cultura (MinC), em Salvador. O prédio fica no Pelourinho, centro histórico da cidade. Segundo funcionários do órgão, foi separada uma ala para que os manifestantes possam permanecer, sem que o funcionamento na representação seja interrompido. Os funcionários afirmam que isto está sendo possível porque o protesto transcorre de forma pacífica.

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De acordo com a produtora de cinema Tenille Bezerra, uma das pessoas que estão à frente do movimento, os manifestantes se posicionam contra o que consideram “abusos do governo interino do presidente Michel Temer. Não reconhecemos a gestão”, disse ela, acrescentando que a ideia é permanecer no local até uma eventual saída deTemer do comando do País. “A ocupação é por tempo indeterminado”, garante.

Tanille diz que a volta do MinC não é pauta da reivindicação. “Nós não estamos cobrando a volta do MinC porque não reconhecemos como legítimo nenhum ato desse governo”, afirmou ela. Cerca de 60 pessoas estão ocupando a sede do órgão no estado. 

Curitiba. Continua reunido na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Curitiba (PR) um grupo de aproximadamente 100 pessoas, a maioria produtores culturais e artistas. No último domingo, 15, cerca de mil pessoas protestaram de forma mais incisiva contra os cortes anunciados pelo governo.

A ocupação também é uma forma de protesto contra o governo. “Nossa crítica é estendida a todo o processo político, o impeachment da presidente Dilma Rousseff”, disse um dos ocupantes à imprensa. Não há uma previsão para o fim da ocupação.

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Fortaleza. Em Fortaleza, o prédio do Iphan, no Centro da cidade, está ocupado desde terça-feira, 17, de manhã, por um grupo de 60 artistas e apoiadores. Nesta quarta, 18, eles divulgaram um manifesto, informando que a ocupação acontece em defesa da cultura e em repúdio ao governo interino de Michel Temer na presidência da República.

"A extinção do Ministério da Cultura não acontece de forma isolada, soma-se a extinção de outras pastas fundamentais, ligadas às minorias e direitos sociais: o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, a quem nos solidarizamos e prestamos nosso total apoio", dizem os artistas cearenses.

A atriz Marina Brito explicou que a mobilização tem sido feita em nível nacional por meio das redes sociais. Diva Maria Freire Figueiredo, presidente do Iphan no Ceará, conversou com os manifestantes. Segundo ela, a ocupação acontece de forma tranquila. A direção do Instituto orientou para que não haja danos ao prédio, que é um casarão antigo tombado pelo patrimônio histórico. "Estamos agindo com tranquilidade, conversando com os artistas de forma a não criar uma tensão desnecessária", afirmou Diva. À noite, os manifestantes devem ficar apenas na área do pátio. Durante o dia, não podem interferir no funcionamento do órgão. 

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Cuiabá. Dezenas de manifestantes dentre eles, artistas, produtores culturais, jornalistas, estudantes e representantes de movimentos sociais aderiram à mobilização nacional contra a extinção do MinC e ocupam desde a noite desta terça-feira, 17, a sede da superintendência do Iphan no centro histórico de Cuiabá (MT).

Na primeira noite, os manifestantes realizaram um sarau de resistência com música, poesia e outras manifestações culturais de Mato Grosso. Para garantir a ocupação, os artistas se revezaram no local. 

O rebaixamento do MinC é considerado pelos manifestantes "um retrocesso de 30 anos". A superintendente substituta do órgão, Amélia Hirata, disse que preza por uma manifestação pública. "Não queremos tensão, nem conflito. Nós também somos cultura e somos cultura", diz trecho de material divulgado para a imprensa pela assessoria do movimento.

Natal. Cerca de 150 manifestantes que ocupavam o prédio do Iphan, instalado no bairro da Ribeira, em Natal, deixaram o local na tarde desta quarta-feira, 18. A ocupação durou cerca de 12 horas. Durante a ocupação, os manifestantes estiveram apenas na área externa do prédio, e os atos foram pacíficos. Os artistas estamparam faixas com a frase: “O Minc é nosso” e ainda levaram um grande boneco gigante com o nome “Democracia”.Rio Grande do Norte. Cerca de 200 manifestantes que ocupam o prédio do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), instalado no bairro da Ribeira, em Natal, deixaram o local. A ocupação já dura maisde 24 horas. Os artistas e produtores culturais protestam contra o fechamento do Ministério da Cultura. Durante a ocupação, os manifestantes estão apenas na área externa do prédio, os atos foram pacíficos. Os artistas estamparam faixas com a frase: "O Minc é nosso" e ainda levaram um grande boneco gigante com o nome "Democracia". O Iphan, em nota à imprensa, destacou que ocupações semelhantes a de Natal ocorreram em outras capitais. No comunicado, a direção do órgão lembrou que "o Iphan vem obtendo a cooperação dos manifestantes no sentido de permanecerem em áreas externas, preservarem os acessos e espaços públicos, em especial os tombados, e não afetarem o funcionamento e a segurança das unidades".Florianópolis. A exemplo de outras dez cidades brasileiras, artistas e agitadores culturais se reúnem em Florianópolis para protestar contra a fechamento do MinC (Ministério da Cultura), criado em 1985 e extinto nas primeiras 12 horas do governo Michel Temer. O evento batizado "Catarinas contra o Golpe" acontece às 17h, em frente ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional), na praça Getúlio Vargas, no Centro de Florianópolis. O ato foi organizado por mulheres artistas. Uma resposta à exclusão feminina nos ministérios criados pelo presidente interino. Mais de 600 pessoas confirmaram presença.  Uma das organizadoras do manifesto, a cineasta e produtora cultural Flávia Person acredita da união dos trabalhadores da cultura para que o MinC seja retomado."O sepultamento o MinC é um retrocesso às políticas públicas que garantiam minimamente o acesso à cultura no país. Esse governo ilegítimo e autoritário não percebe que enxergar a cultura como mero entretenimento, com essa lógica pobre de mercado, assassina a identidade e a diversidade do nosso povo. A cultura é muito mais ampla que o conceito que os artistas deveriam pagar pelo que produzem. Por isso, iremos nos unir e lutar", disse. Em Joinville, um ato também acontece nesta quarta, às 17h45. O encontro foi marcado na praça Nereu Ramos, de onde os artistas partirão para uma caminhada em direção à praça da Bandeira. Recife. Na tarde de ontem, no Recife, um grupo com cerca de 150 pessoas entre artistas, produtores e outros profissionais que atuam na área da cultura ocuparam a sede do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na região central da cidade. Anteontem o mesmo local já havia sido palco de um protesto contra a extinção do Ministério da Cultura. Pelo menos 50 pessoas decidiram acampar no local como forma de reivindicar a reversão da medida.  Durante a realização de uma plenária, manifestantes estenderam uma faixa no chão com a mensagem "Artistas pela Democracia". Entre os presentes, nomes conhecidos da classe artística pernambucana, como o músico Cannibal e o produtor cultural Roger de Renor. O clima ficou tenso quando, por volta das 17h, a segurança do prédio fechou os portões impedindo a entrada e a saída dos manifestantes. O impasse durou cerca de uma hora, mas acabou solucionado sem confronto.Piauí. Os representantes da Cultura no Piauí fizeram manifestações contrarias ao fechamento do Ministério da Cultura. Os artistas consideram que serão prejudicados com a falta de recursos e de políticas publicas para fomentar atos culturais. O secretário estadual de Cultura do Piauí, Fábio Novo, disse que foi surpreendido com o corte de uma emenda do deputado federal Assis Carvalho (PT), no valor de R$ 500 mil, para fazer intercambio entre professores de dança com outros estados, para comprar novos instrumentos musicais para a Escola de Musica e para a Escola de Bandolins de Oeiras. Na última sexta-feira (13) à noite, os artistas, atores, atrizes, dançarinos, músicos e outras categorias se reuniram e deram um abraço simbólico ao Theatro 4 de Setembro pedindo a reabertura do ministério. Ontem (18), o protesto reuniu dançarinos, professores de dança, pais de alunos e outros artistas num ato simbólico em frente a Escola Estadual de Dança, no Centro de Artesanato Mestre Dezinho, no centro de Teresina, para protestar contra o fechamento do MINC. Durante a manifestação soltaram balões para chamar a atenção.Os eventosestão sendo organizados pelo Sindicato dos Artistas, Sindicato dos Músicos, Escola de Dança e com apoio da Secretaria Estadual de Cultura. "É com muito pesar que lamentamos a extinção do Ministério da Cultura, 31 anos após a sua criação. Durante esse tempo, o Ministério foi responsável por diversas conquistas e avanços no cenário cultural. Várias políticas públicas foram consolidadas. O incentivo dado através dos editais públicos deu visibilidade a tantos grupos do país, que mesmo diante de todas as dificuldades insistem na missão do fazer cultural", diz um a carta divulgada pelo secretário de Cultura, Fábio Novo.  "Não sabemos como será o futuro, diante de tal decisão do novo Governo. Mas podemos olhar para o passado e nos orgulhar do trabalho realizado pelo Ministério da Cultura e do apoio dado a todas as secretarias presentes nos Estados. É lamentável a triste decisão de cortar gastos de um segmento que já conta com pouco e que não é visto como prioridade. O fim de um Ministério traz perdas irreparáveis à Nação que clama por Justiça, que vive um momento político conturbado. É um grande retrocesso para artistas, produtores culturais, para o povo brasileiro. Democratizar o acesso à cultura ainda é uma grande missão para todos os Estados. A cultura não deve estar em segundo ou terceiro plano. Não deve estar atrelada a outras pastas, quando sua grandiosidade e abrangência pedem uma atenção bem maior", afirmou o secretário, que publicou a carta também nas redes sociais.  Durante a manifestação, Fábio Novo disse que os recursos que estavam destinados para o Piauí para o intercambio de professores da Escola de Dança para melhorar o ensino e aprendizagem, já que a escola manda alunos para o Bolshoi e para os Estados Unidos, foi surpreendido com o cancelamento do repasse dos recursos para esse fim. "Não vamos ficar calado. Vamos nos manifestar. A cultura é a manifestação da essência do ser humano. Hoje damos muitos passos para trás. Junto com artistas, produtores culturais e funcionários do setor, nos manifestamos totalmente contra a decisão que ajuda a enterrar três décadas de conquistas, numa caminhada que não termina aqui, pois juntos somos muito mais fortes. Juntos, vamos brigar pelo fortalecimento da cultura brasileira.Vamos clamar pela volta do Ministério, das políticas públicas e da valorização de todos os profissionais inseridos nesse contexto", finalizou o secretário.     

(Leandro Nunes, Luísa Martins, Roberta Pennafort; colaboraram Leonardo Augusto, Heliana Frazão, Julio Cesar Lima, Carmen Pompeu, Mônica Bernardes, Fátima Lessa, Luciana Coelho, Aline Torres e Anna Ruth Dantas - Especial para o Estado).