O futuro já chegou. Ao menos é essa a crença que move Karina Casiano, intérprete e criadora do espetáculo Os Órfãos. Na montagem, que estreou em Nova York no mítico teatro La Mama, todas as ações transcorrem no ano de 2020. Um tempo em que teremos que pagar impostos por tudo, até pelo ar. A água será escassa. E o povo, cansado de tantas formas de dominação, vai se unir e se rebelar. "Não estou falando de ficção científica. Quando escrevi a obra, há cerca de dois anos, tudo isso soava um pouco romântico, com uma ideia quase nostálgica de como deveria ser a mobilização das pessoas para mudar seus destinos", diz Karina, que se apresenta, hoje e amanhã, no Sesc Belenzinho. "Mas, em 2011, vimos em todo o mundo, e sobretudo no mundo árabe, o surgimento de uma nova etapa. As pessoas estão tomando decisões como coletivo."Ao opor indivíduo e sociedade, a atriz, diretora e dramaturga construiu o mecanismo que serve de esteio à trama de Os Órfãos. Nesse futuro não muito distante - pouco mais de nove anos à nossa frente - acompanha-se a história do estranho amor que surge entre um revolucionário e uma agente secreta. Ele é um representante farmacêutico que, após ser demitido, resolve se unir a um grupo de revoltosos. A intenção é desestabilizar o sistema. Para tanto, sua única forma de contato com os subversivos é uma mulher, que passa dias e noites em uma cabine telefônica. A partir de dado momento, porém, ambos se apaixonam. Será a hora de escolher entre seus desejos pessoais e suas convicções ideológicas.