Mas agora tudo vai mudar. Alguém duvida da responsabilidade fiscal daqueles brancos engravatados, todos com impecáveis credenciais liberais, na fotografia do ministério? Mesmo com a nova austeridade, os programas sociais do PT continuarão, disse o Temer, que também garantiu que a Copa América será nossa e que vai chover menos. De onde virá o dinheiro para os programas sociais do PT continuarem, apesar da nova austeridade? A questão foi debatida na primeira reunião do ministério e ouvi dizer que alguém sugeriu, timidamente, “Quem sabe a gente dá algumas pedaladas, como a Dilma?” e foi atirado pela janela.
É injusto dizer que o País está mal representado no ministério do Temer. Há de tudo no ministério: racistas, machistas, tudo. Richard Nixon, certa vez, defendeu uma nomeação sua que estava sendo muito criticada com a sábia frase: “A mediocridade também precisa ser representada”. Temer não esqueceu os medíocres. Foi mais longe, na sua preocupação de montar um retrato fiel da população. Lembrando o número de brasileiros sendo investigados pela Operação Lava Jato, Temer fez questão de incluir quatro investigados no seu ministério, para manter o princípio da proporcionalidade.
Voltando à andorinha, não deixa de ser irônico ninguém ter culpado o Levy pelo descontrole da economia brasileira. Ele teve todo o poder na mão, inclusive contrariando o amor liberal pelo estado mínimo, e fracassou. Claro, era uma andorinha só, um estranho no ninho do PT, mas fracassou. A Dilma também errou, pensando que o convite ao Levy bastaria como uma mensagem de paz para quem não queria paz, queria sua cabeça de qualquer jeito.
No fim, é uma história de solidões. Do Levy, da Dilma e, claro, da andorinha, que não significava nada.