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Coluna quinzenal do escritor Ignácio de Loyola Brandão com crônicas e memórias

Opinião|Análise: Educação engole o Ministério da Cultura. Ruim para os dois

Tudo que podemos fazer neste momento é apostar

Atualização:

O Ministério de Educação jamais existiu com o Aloizio Mercadante. Renato Janine Ribeiro foi um momento sério, mas não suportou. Este ministério sempre foi uma instituição confusa em relação ao mais importante segmento de nossas vidas. Agora, exatamente o presidente que também se diz poeta chega e na ânsia de reduzir ministérios extingue o da Cultura. Não sabemos como será esse Ministério da Educação e Cultura. Não conhecemos o seu titular, seu currículo, sua relação com a cultura e muito menos com a educação. Tudo é novo e atabalhoado.

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Quanto tempo é necessário para estruturar um ministério? Quantos técnicos competentes, de renome, ainda terão de ser buscados, avaliados, convidados? Quantos aceitarão uma operação de afogadilho? Quanto tempo leva para entrar, sentar e saber o que significa a pasta de Educação num país com tantos e tão cruciais problemas? Será que o novo vice-presidente (ou devemos chamá-lo de presidente? Confusão igual ao presidente/presidenta?) tem noção da importância fundamental desses dois ministérios? Será que ele pensa que o da Cultura é simplesmente receber projetos para a Lei Rouanet e aprovar ou não? E o da Educação é aprovar currículos? Economia com a Educação e Cultura? Ora, volta-se, retrocedemos.

Pediram-me para avaliar o que significa esta redução. Será que existe alguém que tenha meios de fazer isso, quando o novo (velho) governo não teve uma semana para se programar? Continuamos nas mãos de partidos ávidos por postos. O que precisamos é de conhecedores da matéria, técnicos, especialistas em educação, conhecedores do Brasil. 

O ministro da Educação e Cultura, Mendonça Filho Foto: Dida Sampaio|Estadão

Tudo que podemos fazer neste momento é apostar. E quando se aposta em Cultura e Educação a chance de o bom, o ideal, o certo, ganhar é mais remota do que a Mega Sena sair para alguém que não esteja ligado a um político, a um grupo. Se o atual ministro estivesse há longo tempo em cogitação, tanto quanto o impeachment esteve, ele teria tido tempo para se programar. Tempo sim, capacidade, não sei. Não sabemos. Mas Educação e Cultura não podem mais esperar apostas. Estamos todos preocupados, porque a Educação e a Cultura são fundamentais. Não separem esses ministérios. Ao contrário, aumentem suas verbas, atualmente ridículas. O que está sendo feito equivale à mesma atitude do Estado Islâmico em relação aos milenares patrimônios culturais da humanidade, dinamitados, irrecuperáveis.

Opinião por Ignácio de Loyola Brandão
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