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Afinal, quem matou Max?

No final de Avenida Brasil, o público aponta Juca de Oliveira como assassino

Por CRISTINA PADIGLIONE - O Estado de S.Paulo
Atualização:

Enquanto você lê este texto, editores de som e imagem ajustam os últimos detalhes do derradeiro capítulo de Avenida Brasil, no ar hoje à noite, pela Globo. As cinco sequências gravadas para explicar a morte de Max (Marcello Novaes) foram registradas até ontem. "Se fosse externa, eu talvez deixasse para gravar na sexta, mas, em estúdio temos mais controle sobre quem entra e quem sai", disse ao Estado, anteontem, o diretor de núcleo responsável pela novela, Ricardo Waddington, disposto a manter o suspense até o fim. No site da novela, Santiago, personagem de Juca de Oliveira, lidera a bolsa de apostas: para 53,3% dos internautas, segundo números registrados até a tarde de ontem, o pai de Carminha (Adriana Esteves) é o assassino. Em segundo lugar vem Janaína (Cláudia Missura), com 14,05%, seguida por Carminha, com 9,02%. Ao jornal O Globo, o autor da história, João Emanuel Carneiro, contou ter se inspirado em Assassinato no Expresso do Oriente, de Agatha Christie, em que várias pessoas aplicam uma facada na vítima, mas só uma dá o golpe fatal. Se o final está em Agatha Christie, foi em Charles Dickens que autor e diretor beberam para conceber a novela. Referências à obra do escritor inglês estão especialmente na esperança retratada, ainda que bem lá no fundo, por aquele lixão de Lucinda (Vera Holtz) e Nilo (José de Abreu). "A gente foi muito na literatura, conversamos, debatemos muito a concepção da novela", diz o diretor. O lixão, diga-se, que tanta engenharia demandou para comportar as gravações e abrigar as crianças do elenco, era drenado com frequência e foi o único foco de gasto extraordinário de produção cometido pela novela. No mais, conta Waddington, João Emanuel sempre ressaltou que Avenida Brasil seria uma novela com foco na história e, sobretudo, no elenco. "Nossa ideia desde o início era cinema argentino. Falamos: 'Vamos fazer uma novela para elenco'. O movimento de câmeras, a luz, a cenografia, tudo isso vem a reboque. O importante é trabalhar atores e mergulhar no texto. Nossa opção sempre foi marcar o elenco e depois a câmera. A partir disso, a própria direção, que não fez questão de não se mostrar, acabou ficando muito aparente", disse. Não houve como não notar que os jograis inverossímeis de novela perderam a vez na mansão de Tufão (Murilo Benício). Todos falavam ao mesmo tempo, e assim é na vida, fazendo-se entender perfeitamente. Obra da criatividade? Não só. A tecnologia também tem méritos nesse processo. Hoje, cada ator tem seu próprio microfone e as técnicas de masterização de áudio podem ressaltar o que convém na pós-produção. Some a isso o entrosamento entre o elenco e a liberdade de improvisar e tem-se uma reunião familiar de verdade. "Foi uma coisa orgânica", diz Waddington. "Isso vai aparecendo ao longo do trabalho, uma obra aberta." Talvez, reconhece, se fosse filme, não teríamos avançado a ponto de ver Cacau Protásio, a excepcional Zezé, dar expediente enquanto cantarolava seus forrós. "Também provamos que não existem papéis pequenos, existem atores bons transformando seus personagens", diz, citando Cacau, além de Cláudia Missura, a Janaína, e Juliano Cazarré, o Adauto. A escalação do elenco partiu de cuidados muito precisos. "Adriana não era nossa primeira opção para Carminha", admite, fascinado pelo trabalho da atriz. "Nós queríamos uma vilã que tivesse carisma de heroína, e ela foi perfeita." Subúrbio. A novela se despede com a proeza de ter elevado o subúrbio ao primeiro plano, o que Mauro Alencar, doutor em telenovela, diagnostica como "um retrato de seu tempo". "Bandeira 2, de 1971, ambientada em Ramos, tratava o subúrbio como se observava naquela década: repleta de contraventores. Avenida Brasil significa a novidade em 2012 exatamente pela valorização social e econômica da classe em questão."

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