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'Vingadores' e 'Praça Paris' estão entre as estreias da semana

‘Guerra Infinita’ e a falta de esperança

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Por Redação
Atualização:

Luiz Carlos Merten 

Depois do empoderamento da Mulher-Maravilha no ano passado, Pantera Negra prosseguiu estabelecendo novos patamares para o faturamento dos filmes de super-heróis. Assim como as mulheres, os negros esperavam um herói para chamar de seu. Hollywood só tem a celebrar. A Marvel que o diga. Vingadores – Guerra Infinita, que toma de assalto mais de 1.800 salas do Brasil, retorna a Wakanda para a batalha decisiva contra Thanos no novo longa dos irmãos Anthony e Joe Russo.

Poderosos. Diferentes tramas para seduzir público. Foto: Marvel Foto:

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Se havia um desafio em Guerra Infinita era justamente essa disposição da Marvel de celebrar os dez anos de seu estúdio agregando diferentes histórias com o objetivo de atingir os sentimentos do público. Em Capitão América – Guerra Civil, os Russos já haviam filmado as fissuras entre o Homem de Ferro e o Capitão América, e cada um deles soma uma parte dos heróis. Guerra Infinita começa com o mundo ameaçado por Thanos. Ele está reunindo as joias do universo, o que faz com que seu poder aumente. Nesse quadro em que o Homem de Ferro e o Capitão não se comunicam mais – e em que Bruce Banner parece não contar mais com a força de seu alter ego Hulk –, todo esforço é para reconstruir a união do grupo.

Thanos é um destruidor de mundos. Sua solução para a crise – excesso de gente, escassez de alimentos – é promover o extermínio das populações. Para atingir seu objetivo, Thanos é capaz de tudo – até eliminar a única coisa que ama. O tema dessa primeira parte da guerra infinita é a ameaça não só ao grupo, mas ao amor. Tudo vai sendo reduzido a pó, pulverizado. Se existe esperança, ela não se desenha nessa aventura sem fim. O curioso é que, de alguma forma, o filme metaforiza o estado do mundo. Em toda parte há um racha tão grande que cada grupo prefere apostar na destruição. Tolerância zero. Mas vem aí – em 2019 – um novo Vingadores. O show, senão a humanidade, deve continuar.

Vingadores: Guerra Infinita/ Avengers: Infinity War (Estados Unidos/2017, 156 min.)Dir. de Joe Russo, Anthony Russo. Com Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Chris Evans

'Guarnieri', retrato de um artista de muitas faces

Luiz Zanin Oricchio

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Poucos artistas tiveram vida tão rica e variada quanto Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006). É o que mostra o documentário que leva seu nome – ou melhor, sobrenome – e foi dirigido por seu neto, Francisco Guarnieri. 

Guarnieri. Influente em várias fases da cultura brasileira Foto: MIRAFILMES

O filme acompanha a fase épica do Teatro de Arena, onde, em parceria com Augusto Boal, dirigiu peças como Arena Conta Zumbi e Arena Conta Tiradentes, que tiveram grande influência cultural e política no Brasil da época, já oprimido na primeira fase da ditadura militar. 

Guarnieri é também protagonista de O Grande Momento (1958), de Roberto Santos, filme fundamental na renovação do cinema brasileiro autoral daqueles anos, bastante influenciado pelo neorrealismo italiano. Peças, filmes, participação política e muita TV tornaram Guarnieri figura conhecidíssima e influente ao longo de várias fases da cultura e da história brasileiras.  O filme se vale da riqueza de material de arquivo disponível e o edita de maneira a fornecer um perfil amoroso e lúcido do personagem. 

Guarnieri. (Brasil, 2017.)Dir. de Francisco Guarnieri, com Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Guarnieri, Flávio Guarnieri

Em 'Pagliacci', um tributo ao circo e a Montagner

Luiz Zanin Oricchio

O filme repassa a comemoração dos 20 anos da companhia LaMínima com a montagem do espetáculo Pagliacci. A trajetória do grupo é relembrada por seus fundadores, entre eles, o palhaço Fernando Sampaio. Da contraluz, emerge a figura forte de outro dos pioneiros, que fazia dupla com Fernando, Domingos Montagner, morto por afogamento durante as gravações da novela Velho Chico, em 2016. 

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LaMínima. Filme repassa os 20 anos da companhia Foto: PANDORA FILMES

Pagliacci exalta a beleza do circo sem recair no sentimentalismo de muitos projetos do gênero. Filmagens contemporâneas somam-se a material de arquivo, em que a figura de Montagner se destaca, em cenas fantásticas com Fernando. 

Domingos, Duma para os amigos, nunca renegou sua origem no circo. Muito pelo contrário, orgulhava-se dela. É descrito por seus colegas como perfeccionista obsessivo, um detalhista implacável. Tudo, mesmo o que já estava bom, merecia ser ainda aperfeiçoado. Sua presença em cena e nas palavras em que é evocado conferem a Pagliacci uma emoção toda particular. / L.Z.O.

Pagliacci. (Brasil, 2016.)Dir. de Chico Gomes e Júlio Hey, com Domingos Montagner, Fernando Sampaio. 

‘Praça Paris’, divergências e fortes emoções

Luiz Carlos Merten 

Em outubro do ano passado, Praça Paris venceu os prêmios de melhor atriz (Grace Passô) e diretora (Lúcia Murat) no Festival do Rio. A diretora é respeitada – memória da ditadura, tensões sociais são temas frequentes de seu cinema. Meio ano depois, o que talvez fosse premonitório ficou ainda mais real com a intervenção no Rio.

Paranoia, racismo e empoderamento feminino são ingredientes da história criada pela diretora com o autor de romances policiais Raphael Montes. O filme tece a ligação entre duas mulheres. Glória/Grace vem da comunidade e trabalha como ascensorista em universidade pública. Camila (a atriz portuguesa Joana de Verona) é psicanalista e integra programa comunitário da instituição.

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Na apresentação do filme, no ano passado, Lúcia já dizia que o medo do outro é uma coisa tão perversa que pode transformar até pessoas bem-intencionadas em monstros. Glória é irmã de um perigoso bandido que está preso. Da cadeia, ele monitora a vida dela. Emocionalmente em frangalhos, Glória frequenta o consultório de Camila. A interação das duas expõe divergências. Emoções fortes.

Praça Paris (Brasil, Port., Arg./2016, 112 min.)Dir. de Lucia Murat. Com Joana de Verona, Grace Passô

‘A Cidade do Futuro’ e a nova vida amorosa

Luiz Zanin Oricchio

Segundo longa de Claudio Marques e Mariana Hughes, A Cidade do Futuro se define como uma ficção baseada em fatos. Uma nova configuração familiar – dois rapazes e uma moça – se forma num ambiente sertanejo pouco propício a inovações, marcado pelo preconceito e pelo machismo. Ousado e necessário. 

A Cidade do Futuro (Brasil/2016.)Dir. de Cláudio Marques e Marília Hughes, com Milla Suzarte, Gilmar Araújo

Rogério Duarte, o nome da Tropicália 

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Luiz Zanin Oricchio

Quem pensa em Tropicalismo tem logo na mente os nomes de Gilberto Gil e Caetano Veloso. Em Rogério Duarte, o Tropikaoslista, de José Walter Lima, conhecemos melhor o designer, teórico, músico, pensador e autor de livros que, lúcido e culto, foi um dos mentores do movimento. 

Rogério Duarte – O Tropikaoslista (Brasil/2016.)Dir. de José Walter Lima, com Rogério Duarte, Caetano Veloso, Gilberto Gil

Um romance em Liverpool em ‘Estrelas de Cinema Nunca Morrem’

Filme tem como cenário Liverpool, na década de 1970. A lendária vencedora do Oscar Gloria Grahame (Annette Bening) inicia um romance com o jovem ator Peter Turner (Jamie Bell, o talentoso garoto de Billy Elliot). A relação se torna séria, e essa paixão vai ser testada. 

Estrelas de Cinema Nunca Morrem (Reino Unido/2016.)Dir. de Paul McGuigan, com Annette Bening, Jamie Bell

Colin Firth testa seus limites em alto-mar em ‘Somente o Mar Sabe’

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A aventura marítima do navegador amador Donald Crowhurst (Colin Firth), que quer vencer a Golden Globe Race de 1968, é marcada por problemas. Sua tentativa desastrada de integrar a competição acaba fazendo com que ele embarque em uma jornada perigosa e complexa, que testa todos os seus limites.

Somente o Mar Sabe (Reino Unido/2018, 102 min.)Dir. James Marsh. Com Colin Firth, Rachel Weisz, David Thewlis

Tudo Que Quero’, os desafios de uma garota

Autora de histórias de fantasia Wendy (Dakota Fanning) é uma jovem que, apesar do autismo, é independente e brilhante. Ela consegue escapar de sua cuidadora com o objetivo de entregar seu roteiro para concorrer em um competição de escrita. Essa decisão vai levá-la a uma aventura cheia de desafios e surpresas.

Tudo Que Quero (EUA/2016, 93 min.)Dir. Ben Lewin. Com Dakota Fanning, Toni Collette, Alice Eve

‘Ex-Pajé’, a cultura indígena em perigo

Luiz Carlos Merten

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Vencedor do prêmio da crítica no recente É Tudo Verdade - e antes disso, de outro prêmio em Berlim –, o ótimo documentário de Luiz Bolognesi aborda a história do pajé Perpera, impedido de exercer seu ofício por brancos que encaram sua ligação com a floresta como demoníaca.

Ex-Pajé (Brasil/2016, 106 min.)Dir. Luiz Bolognesi. Com Perpera Suruí, Kabena Cinta Larga

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