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Versão paulistana do Festival do Rio traz recorte específico e interessante

Mostra começa justamente nesta quinta, 9, com a adaptação de 'Orlando', de Virginia Woolf, por Sally Potter

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Imprensado entre a repescagem da Mostra e o Festival Mix Brasil de Diversidades Sexuais, o Festival do Rio em São Paulo – que começa nesta quinta, 9, no Cinesesc – de certa forma antecipa o segundo, porque entre suas atrações está uma pequena mostra do queer inglês. Ela começa justamente nesta quinta com a adaptação, melhor seria dizer transcriação, de Orlando, de Virginia Woolf, por Sally Potter.

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Menina dos olhos do Festival do Rio, a Première Brasil - maior plataforma do cinema brasileiro, como o evento faz questão de anunciar – fica inteiramente fora de sua programação na cidade pelo simples fato de que a quase totalidade dos filmes já passou na Mostra, concorrendo aos prêmios específicos que contemplam a produção nacional. Também não faria muito sentido antecipar os lançamentos do Panorama Internacional, que já estão entrando em cartaz. O Festival do Rio em São Paulo faz um recorte específico, e muito interessante.

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Cena de 'Orlando', com Tilda Swinton Foto: © 1992 Adventure Pictures

Além dos Clássicos do Queer Britânico, contempla Itinerários Únicos e Programas Especiais. Os itinerários oferecem retratos que o cinéfilo não vai deixar de prestigiar, se for esperto. Você sabia que Hedy Lamarr, a Dalila de Cecil B. De Mille, tinha o mesmo Q.I. de Einstein? Ela queria ser cientista, mas nunca foi levada a sério. Imaginem, uma mulher, e bonita ainda por cima. Ao invés de estudar as estrelas, foi ser uma em Hollywood. Bombástica conta sua história, incluindo como ela fez história ao tirar a roupa em Êxtase, de Gustav Machaty.

Outros itinerários – a artista plástica portuguesa Paula Rego, o escritor chileno Roberto Bolaño e o bailarino brasileiro Marcelo Gomes (homônimo do cineasta). Ainda na seção, Abel Ferrara documenta a Piazza Vittorio em Roma e Stanley Nelson conta a história das universidades negras na 'América'. Tangerine Dream é sobre a banda de música eletrônica alemã – tudo o que você queria saber, ver e ouvir. Uma viagem por Cuba – para conhecer o cabaré O Gato de Havana e apreciar, restaurado, o clássico Memórias do Subdesenvolvimento, de Tomas Gutiérrez Alea.

Esse último, na verdade, integra os Programas Especiais, que traz a segunda temporada completa da série Top of the Lake – China Girl, de Jane Campion, com Nicole Kidman, mais uma dupla homenagem a Frederick Wiseman. Ex Libris é seu novo documentário, sobre a Biblioteca Pública de Nova York. Será exibido no encerramento, na quarta, 14. Para esta quinta, tem outro Wiseman – Titicult Follies, em versão restaurada, comemorando seus 50 anos. Se o brasileiro Eduardo Coutinho aprimorou a arte da entrevista, Wiseman a aboliu de seu cinema, criando um método próprio baseado na observação. A Seleção Rio apresenta 22 longas em sete dias. Acredite – não há um que não valha ver, absolutamente.

Programação - Quinta-feira, 9

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Titicult Follies

Frederick Wiseman investiga penitenciária para prisioneiros com distúrbios psiquiátricos em Massachussets. O primeiro dos grandes documentários do autor que colocam em xeque as instituições. 15h.

Bombástica

Alexandra Dean revisita a história de Hedy Lamarr, uma mulher adiante de seu tempo. E se ela tivesse conseguido ser a cientista que sonhava? Uma discussão sobre gênero realmente inesperada. 17h.

Orlando

No Brasil, o longa de Sally Potter ganhou o subtítulo de Mulher Imortal. Tilda Swinton e Quentin Crisp, figura lendária do queer inglês, dão vida aos conflitos de Orlando. Condenado a permanecer eternamente jovem, Orlando atrasvessa os séculos experimentando vidas, amores e mudanças de gênero. Oscar de figurino. O livro de Virginia Woolf, considerado o mais ascessível da autora, é (semi)biográfico, inspirado na vida de sua companheira, Vita Sackville-West. 19h.

Últimos Homens em Aleppo

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Feras Fayyad mostra a Guerra da Síria como nem os noticiários de TV lograram. Impressionante. 21h.