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Travolta deixou ego masculino de lado para fazer 'Hairspray'

Por BOB TOURTELLOTTE
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Ele já representou matadores frios, protagonistas sensuais e heróis militares, mas John Travolta acha que o melhor papel que já fez até hoje talvez seja o da mulher que ele representa no musical "Hairspray -- Em Busca da Fama". Na quinta-feira ele recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante num musical ou comédia, pelo papel da mãe gordinha mas sempre bem-humorada, Edna Turnblad, de uma filha também gordinha mas muito bem-humorada, Tracy Turnblad. "Foi preciso um esforço para abrir mão do meu ego masculino", disse o ator em entrevista. "Mas acabei pensando: 'Sabe, John, representar é o que você faz melhor. Você precisa confiar em seu papel de ator e não deixar essa coisa de ego masculino lhe atrapalhar"'. "Hairspray" conta a história da gorducha Tracy, que sonha em dançar num programa de TV dos anos 1960 mas enfrenta discriminação por ser gordinha e racismo contra seus amigos. Edna a ajuda a superar as duas coisas. "Amo filmes divertidos e que também têm algo a dizer", disse Travolta. Os produtores Craig Zadan e Neil Meron passaram 14 meses convencendo Travolta a usar vestidos e enchimento falso para cantar e dançar no papel de Edna. Acabaram por convencê-lo com o desafio de entrar em contato com seu lado feminino. "Eles me prometeram que, se eu mergulhasse no papel, valeria a pena", afirmou Travolta. "Acreditei e me arrisquei." O papel de Edna é muito distante dos papéis de homens durões que Travolta já fez, como o de Danny Zuko em "Grease -- Nos Tempos da Brilhantina", Tony Manero em "Os Embalos de Sábado à Noite" e Bud em "Caubói do Asfalto", e mais distante ainda do papel do matador Vincent Vega em "Pulp Fiction -- Tempo de Violência". Mas, a julgar pelos quase 200 milhões de dólares de bilheteria mundial já acumulados por "Hairspray", as críticas de modo geral positivas e, agora, as indicações para prêmios, o risco que Travolta assumiu parece ter tido bons resultados. O filme também recebeu indicações aos Globos de Ouro de melhor musical e melhor atriz num musical ou comédia (para Nikki Blonsky, pelo papel de Tracy Turnblad). Quando "Hairspray" chegou aos cinemas, alguns fãs de Travolta acharam inimaginável ver o belo ator, agora com 53 anos, no papel de mulher. Mas ele acha que a maioria das pessoas superou a estranheza depois de ver o filme. O ator mencionou um homem mais velho que disse a ele que a compaixão e o calor humano de Edna o conquistaram. "Pensei: 'Houve uma transição, e essa foi uma pessoa que a entendeu"', disse Travolta.

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