No tapete vermelho do primeiro do Globo de Ouro, a primeira grande premiação de Hollywood após os escândalos sexuais que vieram à tona na indústria cinematográfica nos últimos meses, as atrizes entraram vestidas de preto e acompanhadas por ativistas. Nas entrevistas, os discursos não se resumiram a trivialidades ou à divulgação de seus trabalhos mais recentes, mas assumiram um tom mais politizado.
A atriz Debra Messing defendia o movimento Time's Up e discursava sobre igualdade de salários quando usou de exemplo a demissão da apresentadora Catt Sadler, que trabalhava no canal E!, que transmite o tapete vermelho do Globo de Ouro. "Eu fiquei chocada ao ouvir que o E! não acredita em igualdade de salários entre seus apresentadores", afirmou Messing. Sadler revelou recentemente que recebia menos que seu colega Jason Kennedy.
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"O poder no trabalho leva ao abuso", afirmou a atriz Meryl Streep, que esteve envolvida na polêmica por ser amiga de Harvey Weinstein, predador sexual que esteve no epicentro das revelações de abusos.
"A gente quer melhorar e consertar isso, nos sentimos um pouco responsáveis", completou Streep, que está em The Post, filme mais recente de Steven Spielberg que estreia no Brasil em fevereiro de 2018.
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Streep estava acompanhada de Ai-jen Poo, que é fundadora de uma aliança pelos direitos dos trabalhadores domésticos. "Temos direito a um ambiente de trabalho em que sejamos valorizadas", afirmou a ativista.
"É muito bom que as mulheres estejam se manifestando. É um momento importante e especial, mas já estamos nessa luta há muito tempo", afirmou Marai Larasi, diretora executiva do Imkaan, organização que protege as mulheres negras de violência e caminhou pelo tapete vermelho com a atriz Emma Watson.
A atriz Michele Williams entrou acompanhada por Tarana Burke, que criou a campanha #MeToo. Ela comemorou que as mulheres estão criando um mundo diferente para as futuras gerações com as recentes acusações.
"O movimento Time's Up é sobre tomar a iniciativa e fazer alguma coisa, além de ajudar aquelas que não conseguem se manifestar", explicou a atriz Alinson Brie, de Mad Men, Glow e The Post - A Guerra Secreta.
Ao receber o Cecil B. DeMille Award, a apresentadora Oprah Winfrey iniciou sua fala relembrando os Oscars de 1963, quando Sidney Poitier se tornou o segundo ator negro a vencer a estatueta, o que a marcou profundamente. "Eu era apenas uma garotinha e nunca havia visto um negro ser celebrado daquele jeito", afirmou.
"Me inspiro em todas as mulheres que tiveram o poder e a força de compartilhar suas experiências pessoais", disse a apresentadora. "O tempo dos abusadores já acabou", decretou Oprah.
"Quero expressar minha gratidão a todas as mulheres que suportaram abusos e violências porque elas, como minha mãe, tinham filhos para sustentar, contas para pagar. Mulheres cujos nomes nunca saberemos, pois são empregadas domésticas, garçonetes, trabalhadoras em empresas."