Pete Doherty fala da estreia no cinema no Festival de Cannes

Vocalista das bandas Babyshambles e The Libertines atua em 'Confession of a Child of the Century', de Sylvie Verheyde

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL/CANNES - Pete Doherty admite que seu primeiro encontro com a diretora Sylvie Verheyde foi desastroso. “Ela não falava uma palavra em inglês, eu mal arriscava três ou quatro em francês.” Mas Sylvie, após seu longa de estreia - o belo Stella -, estava querendo reatar seu amor pela literatura. Ela encontrou um material que a fascinou em Confession d’un Enfant du Siècle, o relato autobiográfico de Alfred De Musset sobre sua ligação com George Sand. “Ela me contou que escreveu o roteiro me ouvindo cantar. A partir daí fez suas conexões. O rock é a poesia do nosso tempo, por que não me colocar, um roqueiro, no papel deste dândi do século 19?”

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E eis que Doherty faz sua estreia no cinema em Confession of a Child of the Century. O filme integra a seleção da mostra Um Certain Regard, no Festival de Cannes, que termina domingo. Doherty conversa com a reportagem do Estado num prédio junto à Croisette. Usa sapatos bicolores, descosturados na lateral. O repórter, sem nem saber por qual motivo, fixa-se no detalhe. Doherty percebe. E ironiza: “Eu sou uma celebridade pobre, cara.” Doherty é vocalista e frontman das bandas Babyshambles e The Libertines. A definição de “libertino” lhe cai bem - Doherty é um dos assuntos preferidos dos tabloides ingleses. Tudo começou com a ligação com a top Kate Moss e o uso de drogas.

“É por isso que estou morando em Paris, atualmente. Tenho mais liberdade, todo mundo s’en fout (em francês) do que estou fazendo.” O que havia tão interessante no projeto de Confession para fazê-lo querer iniciar essa nova carreira? “Foi justamente a curiosidade, mas também essa figura de poeta, de dândi. De tanto ouvir dizerem que eu era perfeito para o papel, comecei a acreditar nisso. Quis me testar.” Qual a maior dificuldade? “As roupas de época, de almofadinha. As polainas (e ele aponta para o sapato). Mas o mais difícil de tudo é que filmamos muito de dia e eu sou notívago por natureza.”

Libertação. As drogas? “São uma escolha pessoal. Fizeram parte do meu amadurecimento. Nesse meio seria hipócrita reagir como se não existissem.” Portrait é sobre um jovem que se recupera de uma desilusão amorosa. “É um tema com o qual consigo me relacionar”, ele diz. Admite que não conhecia a poesia de Musset, mas também é algo com que pode se identificar. “Muda um pouco a linguagem, mas a atitude não é diferente. O jovem de qualquer época quer viver com intensidade, quer se libertar. Alguns têm medo. O rock me liberou para ser eu mesmo.” 

E o filme? “É muito bonito, você não acha?” Feito com pouco dinheiro, parece opulento. “Foi uma experiência e tanto trabalhar com Sylvie. As mulheres me fascinam. Nós, homens, achamos que somos os maiorais, mas elas são mais concretas. E têm a última palavra, tanto em 1830 como agora.”

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