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‘Perfeita É a Mãe!’ mostra que o que elas querem talvez seja não amadurecer

Filme com Mila Kunis não é nenhuma maravilha, mas pode ser divertido

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Vamos logo esclarecendo que Perfeita É a Mãe! não é nenhuma maravilha, mas pode ser divertido ver a comédia de Jon Lucas e Scott que está em cartaz. Parte do seu interesse vem do elenco, liderado por Mila Kunis e que inclui Kristen Bell e Kathryn Hahn. Mila, a nova sra. Ashton Kutcher, é aquele assombro de talento e beleza de Cisne Negro, e até hoje tem gente que não se conforma de que Natalie Portman tenha levado o Oscar.

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Deixem pra lá. Perfeita É a Mãe! é sobre ‘bad moms’, o título original. Como assim, mães ruins? São mulheres que não se sentem bem no papel de mães. Não nasceram para isso. Uma, justamente Mila, chega sempre atrasada na escola (para deixar os filhos), no trabalho. Outra (Kristen) não aguenta mais o marido autoritário. A terceira (Kathryn) gosta de homens e resolve assumir, sem pudor. A premissa é justamente essa – liberar essas mulheres do que as oprime. E assim elas param de trabalhar, de se ocupar dos filhos. E Kathryn ainda vive plenamente a sua ninfomania.

De certa maneira, pode-se dizer que os diretores (homens) estão liberando fantasias das mulheres. Mas elas estão contestando o ‘sistema’, o status quo, ou simplesmente se comportando como garotas que não querem amadurecer, como existem tantos homens presos à síndrome de Peter Pan no cinema norte-americano? É isso. A celebração da imaturidade. Se os homens podem, por que não as mulheres? Sob a aparência de liberação, o filme reafirma uma velha imagem de dependência feminina. A que se livra do marido chato logo arranja um bofe musculoso para se encostar.

Nesse sentido, talvez seja interessante ver em Perfeita É a Mãe! o início de um discurso que prossegue em outro filme em cartaz há mais tempo – outra comédia, A Intrometida, de Lorene Scafaria, com Susan Sarandon. A ex-Louise – de Thelma & Louise, de Ridley Scott – faz uma viúva que se instala na casa da filha, e o título não deixa margem à dúvida sobre o que ela faz. Intromete-se. A Intrometida é melhor como cinema, toca em questões graves como solidão e realização pessoal. Mas, no fundo, é sempre a velha história. O que querem as mulheres? Loucas, irresponsáveis, ou intrometidas. Meio clichê, não?

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