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Patrice Leconte assina o sensível 'Uma Promessa', baseado em Stefan Zweig

Diretor francês vive ameaçando parar com a carreira

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Num livro de entrevistas que saiu na França em 2011 - J’Arrête le Cinéma -, Patrice Leconte confirmou o que o título sugeria. E ele explicou por que queria parar com o cinema. Autor de belos filmes - Tandem, Um Homem Meio Esquisito, A Mulher do Cabeleireiro, O Perfume de Yvonne -, Leconte há tempos não fazia nada que tivesse nascido de um desejo visceral. Fazia filmes de encomenda e, para complicar, eles não iam muito bem na bilheteria. Mas ele não conseguia parar. A vida lhe parecia sem sentido, sem a vivacidade de um set.

É bom que Patrice Leconte esteja se traindo, ou é bom que ele tenha conseguido voltar a fazer um filme ‘pessoal’. Porque Uma Promessa, em cartaz nos cinemas brasileiros, revela um comprometimento mais fundo do que as comédias recentes que ele andou fazendo. O filme é uma adaptação de Stefan Zweig e talvez seja um pouco decepcionante que, mesmo sendo uma coprodução franco-belga, tenha diálogos em inglês. Todo o elenco escalado para dizê-los é de língua inglesa.

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A Leconte já se aplicou o título de um dos filmes de seu compatriota François Truffaut, O Homem Que Amava as Mulheres. Ele ama suas atrizes, e os personagens masculinos, até por coerência, são fascinados pelas mulheres em cena. O jovem Richard Madden vai viver na casa do patrão (Alan Rickman) a pedido da mulher dele. Ambos amam Rebecca Hall. Ela faz seu jogo de sedução, mas mantendo a castidade. O marido terminal até tenta afastá-los. Face à separação iminente, Madden e Rebecca fazem a promessa do título. Vão se reencontrar dentro de dois anos, quando o marido, presumivelmente, já estiver morto. Desponta uma guerra no horizonte (a 1.ª). A separação é muito maior, e mais dolorosa.

Talvez se possa dizer de Uma Promessa algo que os críticos têm repetido sobre Irmã Dulce e Os Amigos, em cartaz. O conflito é tênue, para não dizer que o filme carece de conflito. Mas existem outras formas de narrar que não as da cartilha hollywoodiana da dramaticidade programada. Uma Promessa é lindo. E Rebecca é tudo.

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