Os 126 anos do gênio Charles Chaplin, o criador de Carlitos

Nascido na Inglaterra, em 16 de abril de 1889, é autor de obras-primas como 'O Grande Ditador' e 'Tempos Modernos'

PUBLICIDADE

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

" SRC="/CMS/ICONS/MM.PNG" STYLE="FLOAT: LEFT; MARGIN: 10PX 10PX 10PX 0PX;

PUBLICIDADE

No ano passado, completaram-se 100 anos - um século - da criação de Carlitos. A filha do criador do imortal personagem, Geraldine Chaplin, veio ao Brasil duas vezes (no Festival Internacional de Brasília e na Mostra) para participar das homenagens a seu pai. A própria Geraldine tem hoje algo de chaplinesco, como o velho Charles Spencer teve, até o fim da vida. Ele morreu em 25 de dezembro de 1977 em Corsier-sur-Vevey, na Suíça, aos 88 anos. Havia nascido em 16 de abril de 1889 em Walworth, na Inglaterra. Há 126 anos...

Charles Chaplin tinha 25 anos quando criou Carlitos. Quer dizer, quando o personagem fez sua erupção no cinema, que engatinhava como arte (e indústria). Porque a gênese, na verdade, foi bem anterior. Carlitos começou a ser gestado no music-hall, que foi o berço de Chaplin. No seu livro de memórias, ele conta que tudo aprendeu com a mãe. Aos 5 anos, já subia ao palco para substituí-la. Aos 10 dançava na rua para matar a fome, Aos 17, entrou para a trupe de Fred Karno e fez duas viagens - turnês - pelos EUA. Mack Sennett, que dirigia o estúdio Keystone, percebeu seu potencial e, em 1914, surgiu Carlitos.

Não foi um sucesso imediato, e o primeiro filme foi considerado tão ruim que Sennett se arrependeu. Mabel Normand, que já era uma estrela, intercedeu para que ele tivesse uma segunda chance. Antes de ser Carlitos, o personagem já era The Tramp/O Vagabundo. Roupas em frangalhos, sapatões furados. Mas os modos eram de um gentleman. Com o tempo, Carlitos virou símbolo dos oprimidos, sempre às voltas com a violência institucionalizada - da polícia, dos ricos, etc. 

O gênio de Chaplin foi ter percebido que, no silencioso, os filmes eram projetados a uma velocidade (18 quadros por segundo) que fazia com que os atores parecessem andar rapidinho na telas. Ele usou o recurso para fazer rir. Mais tarde, teve dificuldades de adaptação quando o cinema começou a falar e a velocidade foi ajustada em 24 quadros por segundo.

Autor de verdadeiras obras-primas - O Garoto, Em Busca do Ouro -, Chaplin resistiu quanto pôde a fazer filmes falados. Incorporou o som em Luzes da Cidade e Tempos Modernos, mas o diálogo mesmo só surgiu a partir de O Grande Ditador, que termina com um discurso que é um manifesto - contra a guerra, pela humanidade. Suspeito de atividades antiamericanas durante o macarthismo, Chaplin exilou-se na Europa, na Suíça.

Seu último filme, A Condessa de Hong-Kong, de 1966, foi recebido a pancadas pelos críticos. O cinema transformava-se naquela década (nouvelle vague, Cinema Novo, etc.) e o velho Chaplin foi considerado anacrônico. Não era. Hoje há um culto à Condessa como a outros filmes que provocaram desconcerto, e até desconforto. Monsieur Verdoux, Luzes da Ribalta. E os críticos ainda gostam de comparar Chaplin com Harold Lloyd, o cômico dos óculos, que personificava o homem comum, e Buster Keaton, o palhaço que nunca ria. Só bem mais tarde foi que se deu a Chaplin o crédito de ter sido um dos inventores da linguagem do cinema, mesmo que exista controvérsias (sobre se o cinema é mesmo uma linguagem). Em busca de liberdade de expressão, ele também se uniu a Mary Pickford, Douglas Fairbanks e David W. Griffith, criando a United Artists, estúdio que foi decisivo na consolidação de Hollywood.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.