'Orgulho e Preconceito e Zumbis', clássico de Jane Austen, ganha monstros

Longa é recheado de brigas e sangue

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Por Cindy Pearlman
Atualização:

LOS ANGELES - Jennifer Ehle não está a postos e, de Colin Firth, não há nem sinal. Lily James é quem assumiu o papel característico da atriz como Elizabeth Bennet e… conseguiu produzir uma pilha de corpos para ninguém botar defeito.

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Não, não é Orgulho e Preconceito, mas Orgulho e Preconceito e Zumbis e essas irmãs Bennet não se limitam a palavras suprimidas e olhares reprovadores. Quando Lizzy (James) e Kitty (Suki Waterhouse) ficam chateadas uma com a outra, partem para a briga. Nem é preciso dizer que houve momentos de botar medo. O filme tem previsão de estreia para 25 de fevereiro no Brasil.

“Imagine duas mulheres em luta e Suki Waterhouse praticando o golpe característico da Kitty – que é girar agulhas gigantes e enfiá-las em suas botinhas sensuais. Ela tem tanta energia que parece um azougue e acabou perdendo o controle no meio do negócio. Deu uma virada feia, caiu em cima de mim e me prendeu, de barriga para cima, deitada. De repente eu tinha as tais das agulhas a um centímetro dos meus olhos”, explica Lily. “Todas as armas eram de mentira, mas, ainda assim, morri de medo.”

A atriz estava muito elegante no dia nublado de inverno em que me concedeu uma entrevista em um hotel chique de West Hollywood, em Los Angeles. Mais conhecida por seus trabalhos em Downton Abbey e Cinderela (2015), usava um vestido de gola alta justo e requintado, em tons de cinza, bordado com a sua marca registrada, o lírio.

Com os cachos castanho-claros, macios, lhe emoldurando o rosto, Lily não parece em nada com a lutadora durona e violenta de Orgulho e Preconceito e Zumbis – mas, sutilmente, observou que não se pode julgar só pelas aparências. “Sempre achei que Lizzie Bennet era a personagem mais descolada e independente na literatura. Era só questão de lhe dar uma espada e ela se sairia bem melhor. Ao lhe dar zumbis, então, é só esperar que pule da tela.”

E o que não falta são espadas e zumbis no filme baseado no best-seller de Seth Grahame-Smith. O romance pega o clássico de Jane Austen, com seus relacionamentos intrincados e as diferenças de classes da Inglaterra do século 19, e o coloca em um cenário no qual o país está sendo castigado por uma invasão misteriosa de mortos-vivos.

As famosas irmãs Bennet, lideradas, como no original, pela sensata Elizabeth, passam a maior parte do tempo em campos de batalha encharcados de sangue; de resto, se dedicam a se preocupar em conquistar futuros maridos e a se embelezar para os bailes locais.

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“Abordamos a história com uma seriedade inabalável. Ninguém nem piscava. Não fizemos gracinhas e nem gestos caricatos. Foi por isso que topei o projeto”, diz Lily, que encarnou a personagem-título de Cinderela e foi uma das produtoras do filme que a convidou para participar de Orgulho e Preconceito e Zumbis.

“Um dia, estávamos no set, ela me entregou um roteiro e disse: ‘Leia com a mente aberta’. Não acreditei quando vi as palavras que compunham o título. De cara já achei que era uma coisa insana”, conta, rindo.

O diretor Burr Steers achou que Lily seria a Lizzie ideal. “Precisava de Lily no papel porque ela é ridiculamente talentosa; tinha certeza de que teria a capacidade de encarnar Jane Austen com seriedade e, ao mesmo tempo, lutar e dar uma coça nos zumbis”, explica ele.

“Burr pôs uma espada na mão de Lizzie Bennet e a fez salvar os homens. Foi lindo. Chegava no set de manhã sabendo que ia discutir com uma mãe que precisava que eu me casasse por dinheiro; essa era uma parte do dia. Aí, de tarde, faria cenas de ação em câmara lenta acabando com a zumbizada.”

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A vasta maioria dos filmes de Jane Austen não exige boa forma física, mas esse forçou Lily a encarar uma preparação radical. “Eu estava numa fase super preguiçosa da minha vida, sem fazer exercício nenhum. O primeiro passo foi ficar forte e entrar em forma, ou seja, o treinamento foi praticamente só para me dar fôlego”, admite. “A seguir, veio o boxe, que combinei com a ioga para aumentar a flexibilidade. Cada uma das irmãs Bennet tem um estilo diferente de luta, mas era importante que déssemos um toque leve, como se fosse um balé.”

Lizzie usa os vestidos elaborados de época, sob os quais há anáguas, espartilhos… e uma espada e uma adaga. “É claro que as armas não eram de verdade porque a minha pontaria era zero nas cenas de esfaqueamento. Além disso, meus espartilhos e vestidos longos tinham aberturas estratégicas para ficar mais fácil tirá-las”, comenta, dando de ombros.

E o aperto dos tais espartilhos? “Sinceramente? Não são tão ruins porque a estrutura deles é curta.” E também acha que o treinamento a ajudou a se sentir mais à vontade dentro da peça. “Tive que trabalhar o core para poder fazer artes marciais. Quem diria que isso me ajudaria a vestir um espartilho?” E acrescenta que, no set, as atrizes interpretando as irmãs criaram um vínculo forte entre si. “Simplesmente encarnamos os papéis, rindo e sacaneando uma a outra, tipo irmãs mesmo. Parecia também que éramos uma girl band. Foi muito divertido.”  

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