Noir escandinavo 'Boneco de Neve', com Michael Fassbender, é baseado em livro que vendeu 30 milhões

Filme estrou no Brasil na quinta-feira, 23

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Por Mariane Morisawa
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LONDRES - O sucesso do chamado “noir escandinavo” nas livrarias não tem sido garantia de um caminho suave para as produções de Hollywood em que se baseiam. Primeira pista: a versão do livro inicial da série escrita pelo sueco Stieg Larsson, Millenium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres, dirigida por David Fincher.

Fassbender. Como o detetive que investiga um serial killer de mulheres na Noruega Foto: Universal Pictures

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Desde a estreia, em 2011, espera-se a continuação, A Menina que Brincava com Fogo, mas ela nunca se materializou. Finalmente, a Sony anunciou que a saga será retomada no ano que vem, mas a partir do quarto livro, A Garota na Teia de Aranha (2015), escrito por David Lagercrantz Larsson morreu em 2004. A direção estará a cargo de Fede Alvarez, com Claire Foy assumindo o papel de Lisbeth Salander no lugar de Rooney Mara

A segunda pista é Boneco de Neve, baseado no romance do norueguês Jo Nesbø, que vendeu 30 milhões de cópias de seus livros. O longa, que estreou no Brasil na quinta-feira (23), é dirigido pelo sueco Tomas Alfredson e traz o ator Michael Fassbender como o detetive Harry Hole, que, com a ajuda de Katrine Bratt (Rebecca Ferguson), investiga um serial killer que tem atacado mulheres na Noruega, deixando um boneco de neve como assinatura. 

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O filme fez apenas US$ 6,6 milhões nos Estados Unidos e US$ 30,6 milhões nos outros países em que foi lançado, para um orçamento de cerca de US$ 35 milhões, um resultado que pode comprometer a continuação da série no cinema.

O percurso do projeto foi um tanto conturbado. Ele começou nas mãos de Martin Scorsese, que pretendia dirigir, com Leonardo DiCaprio no papel de Hole, e a ação nos Estados Unidos. Mas o cineasta abandonou o filme para dirigir Silêncio, mantendo o crédito de produtor em Boneco de Neve, junto com outras oito pessoas. 

Em entrevista ao Estado em Londres, Alfredson gargalhou quando indagado sobre a dificuldade de ter tantos chefes. Depois disse: “Há razões para haver tantos produtores envolvidos num filme. Muitos não tinham um papel muito ativo. Não havia tantas pessoas atrás de mim no set. Scorsese foi muito generoso e ajudou muito, e eu pedi muito sua ajuda”. 

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Uma das medidas que ele tomou ao assumir o projeto foi transferir a ação de volta à Escandinávia. “Eu conheço bem a neve, a escuridão, os cenários estranhos no alto de uma montanha”, explicou o diretor. “Havia coisas sutis a explorar num cenário nórdico, como as cores e os sons, a forma de interagir. Na Escandinávia, o silêncio é um fator importante na comunicação.”

A escassez de diálogos foi um ponto positivo para Michael Fassbender, que teve apenas dois dias entre o término das filmagens de Assassin’s Creed e o início de Boneco de Neve. “Ele não é um herói de ação, gosto do fato de ele usar seu cérebro, de saber de suas fraquezas, como o alcoolismo”, disse o ator. “Mas fiz o filme mesmo por causa do Tomas”, completou, explicando que não pôde participar de O Espião que Sabia Demais (2011), filme anterior do diretor, por questões de agenda. 

Rebecca Ferguson (Missão: Impossível – Nação Secreta) entrou tarde no processo. Sua personagem, Katrine Bratt, sofreu várias mudanças em relação ao livro. “Espero chocar porque fiz algo totalmente diferente. Não sei se todo mundo vai gostar.” A atriz sueca explicou um pouco o estilo do diretor. “Eu tinha uma cena dizendo: Katrina anda por um corredor. Achei que ia levar meia hora para filmar. Levamos quatro horas. Porque ele era muito específico em relação a como eu devia andar, no que estaria pensando, como reagiria a outras pessoas.” 

Em entrevista a uma rádio norueguesa, Alfredson se defendeu das críticas negativas dizendo que o tempo de filmagem foi curto e que faltaram cenas na hora de montar. Independentemente do motivo, não foi desta vez que o noir escandinavo se deu bem em Hollywood.