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Mulheres estão na mira de Noah Baumbach em 'Mistress America'

Longa pode não ser tão bom quanto 'Frances Ha', mas parceria segue com fôlego

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Alguém - algum crítico - já observou que o novo Noah Baumbach não é melhor que o anterior, mas Mistress America, que passa nesta quarta-feira na Mostra, tem uma vantagem sobre Enquanto Somos Jovens. A presença de Greta Gerwig traz para o filme, e para a estética do diretor, um calor humano e uma inteligência que lhe são próprios. O problema, se se pode falar nele, é o próprio Baumbach. Sem dúvida que ele pretende que seus filmes independentes ofereçam retratos críticos de Nova York - e da América, embora Manhattan não seja o Meio-Oeste para se poder generalizar -, mas a questão é sua tendência a ser autoconsciente e autoindulgente.

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Mistress America não traz apenas a musa do diretor. O filme também se aproxima do maior sucesso dos dois, Frances Ha, ao mostrar a amizade feminina do ângulo de mulheres muito intensas, mas também ao revelar os esforços de afirmação de jovens que ainda buscam seu lugar no mundo. Quem entra no espírito - no mood - poderá achar bem atraente, mas há o risco de o filme produzir certo estranhamento (distanciamento?) e aí você poderá achar que esses nova-iorquinos, embora se considerem o centro do mundo, são bem bobinhos.

Brooke/Greta poderia ser a versão atualizada daquelas heroínas protofeministas que Katharine Hepburn e Carole Lombard interpretavam nos anos 1940. Brooke parece uma daquelas mulheres ligadas na tomada, sempre a mil, cheia de planos e, talvez sem querer, vampirizando todo mundo ao redor. Tracy - a estreante Lola Kirke - é o oposto dela. Aspirante a escritora, reflete sobre sua vida estudantil dizendo que parece uma festa na qual é penetra. Não conhece ninguém e ninguém lhe dá atenção.

Exceto Brooke. O que as liga é o fato de a mãe de Tracy estar se casando com o pai viúvo de Brooke. Irmãs improváveis, e não de sangue, as duas passam pelo filme como saídas de alguma comédia de George Cukor escrita por Garson Kanin e tentando se adequar à modernidade minimalista de um filme de Eric Rohmer, ídolo de Baumbach.

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