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Mostra de Heinz Emigholz lança novo olhar sobre prédios

Exposição em São Paulo traz na íntegra da obra do autor

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

ARQUITETURA COMO AUTOBIOGRAFIA - FILMES DE HEINZ EMIGHOLZ Centro Cultural São Paulo. Av. Vergueiro 1.000; 3397-0001/0002. De 30/7 a 13/8

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ENTREVISTA - Heinz Emigholz, Diretor - 'Arquitetos constroem suas biografias'

Heinz Emigholz tem estado muito ativo, filmando. Corre contra o tempo para viajar ao Brasil, mas tirou um tempo para responder, de forma breve, a perguntas enviadas por e-mail.Você pode esclarecer seu conceito da arquitetura como autobiografia? Arquitetos não escrevem suas biografias, eles as constroem. Nossas mentes têm de ‘ler’ os prédios quando olhamos para eles e suas cronologias.A arquitetura não deixa de ser a arte de construir no espaço e inscrever o produto no tempo. Não é o que faz o cinema? A arquitetura projeta espaço no mundo. O cinema transmite o espaço em filmes que são projetados no tempo. Filmes são construções imaginárias no tempo. Na Arquitetura como Autobiografia, os prédios e espaços criados pelos arquitetos deveriam falar por eles mesmos, sem necessidade de qualquer comentário. Uso o que fica gravado na imagem e no som, que são recursos do cinema. E, nesse sentido, creio que uso o cinema de uma maneira nova - como um espaço de meditação sobre as construções.

Na internet, fiquei sabendo que você começou como artista de vanguarda, fazendo pesquisa de linguagem. O que o trouxe à arquitetura? Foi meu desejo de descrever espaços complicados. Não como qualquer forma de decoração, ou de fundo para dramas imaginários. Queria que fossem eles, os prédios, os meus protagonistas.Esta semana também estreia no Brasil o novo Jean-Luc Godard, 3-D. É uma obra-prima. Audacioso, inventivo e ao mesmo tempo o filme mais simples, na sua complexidade, de Godard nos últimos tempos. O trabalho dele foi importante para você? Para dizer a verdade, não. Ou não muito, mas acho interessante que Godard esteja terminando a carreira dele com um filme tão experimental. É onde outros artistas começam.Mais até que Godard, Fritz Lang em Metrópolis e Michelangelo Antonioni na trilogia formada por A Aventura, A Noite e O Eclipse refletem sobre a importância da arquitetura no processo de alienação do homem moderno. Em São Paulo, há agora um debate intenso sobre a mobilidade urbana. O que você diria disso? Qual pode ser a contribuição do cinema? A maior contribuição é mostrar o mundo tal qual é. Isso inclui NÃO ser didático e NÃO ser manipulativo.Por que você selecionou arquitetos como Nervi e Perret? Que entendimento esses homens, e suas obras, podem dar para o nosso mundo, e as nossas vidas? “Modernidade” é um termo antigo que não se limita ao século 20 nem à vanguarda. Sempre houve bom e mau design. Temos de ler, estudar, sentir, refletir e fazer novo uso das coisas.No limite - falando de arquitetura, e arquitetos, você constrói sua autobiografia? Quando revejo meus filmes, os lugares aonde estive, e lembro o que vi e senti, dou-me conta de que, afinal, minha vida não é sem sentido. / L.C.M.

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