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Morre o documentarista americano Albert Maysles aos 88 anos

Cineasta morreu nesta quinta-feira, 5, em sua casa em Nova York

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

(Atualizada às 19h49) Morreu na quinta-feira à noite, 5, em sua casa em Manhattan o documentarista norte-americano Albert Maysles, aos 88 anos. Ele foi um pioneiro em todos os sentidos do termo: introduziu elementos de reportagem em seus filmes, instituiu uma nova linguagem de filmagem de shows e capturou a dramaticidade e o sentido de uma época em suas tomadas. Ele praticamente “inventou” o ponto de vista do público, infiltrando câmeras no meio da multidão.

Com Gimme Shelter (1970), filmagem do tumultuado show dos Stones em 1969, em Altamont, Maysles (pronuncia-se Meizuls) fez sua lenda. Filmou partos entre o público, uma serpente de carros presos no trânsito, um assassinato e a reação estupefata dos músicos no palco. Mas Maysles (que trabalhou com o irmão, David) também foi celebrado por Grey Gardens (1975), um duplo retrato de duas primas de Jacqueline Onassis que viviam reclusas – pela ousadia de tema e narrativa.

Albert Maysles em foto de março de 2006 Foto: REUTERS/Seth Wenig/Files

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“Fazer um filme não é procurar uma resposta para uma questão, mas tentar capturar a vida tal como ela é”, disse ao New York Times. Em julho, ele recebera a Medalha Nacional das Artes do presidente Obama. 

Maysles fez de tudo: seguiu os Beatles em sua primeira excursão pela América, em 1964 (périplo que resultou em What’s Happening! The Beatles in the USA); foi cameraman voluntário de Godard; colega de D.A. Pennebaker; e ganhou dois prêmios Emmy – por Vladimir Horowitz: The Last Romantic (1985) e Soldiers of Music (1991), sobre o retorno de Rostropovich à Rússia. 

Maysles veio ao Brasil em 2002 e 2011, como convidado do In-Edit – Festival Internacional do Documentário Musical, no Museu da Imagem e do Som (MIS).

O diretor teve uma longa relação com o artista plástico búlgaro Christo e a mulher deste, Jeanne-Claude, para quem dirigiu seis filmes. O primeiro foi Christo’s Valley Curtain (1974), que foi indicado para o Oscar de curta-documentário. O último foi The Gates (2005), sobre a instalação que Christo fez no Central Park – uma sucessão de gigantescos pórticos com tecido amarelado como uma cortina para a passagem dos pedestres. Seu documentário mais recente foi Iris (2014), sobre a decoradora de interiores Iris Apfel, exibido no New York Film Festival, em outubro.

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