Marion Cotillard aparece como única aposta certeira a vencer no Festival de Cannes

Críticos apontam ainda 'Mr. Turner', 'Winter Sleep' e 'Foxcatcher' como fortes concorrentes à Palma

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Por Jake Coyle
Atualização:

A Palma de Ouro é o equivalente cinematográfico do conclave papal. O prêmio máximo do Festival de Cannes não é anunciado com fumaça branca, mas suas deliberações se realizam quase com a mesma quantidade de segredo. Enquanto a mídia mundial debate e analisa os méritos e as possibilidades de cada filme em competição, o júri sai e entra sigilosamente da sala de cinema sem deixar transparecer nenhuma opinião.

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Se em Hollywood a temporada de premiações leva sempre a resultados bastante previsíveis no Oscar, na contrapartida europeia ocorre justamente o contrário: Ninguém sabe quais são as favoritas e tudo depende do direcionamento do júri, que é encabeçado este ano pela diretora neozelandesa Jane Campion.

Ao lado de Campion (ganhadora da Palma por O Piano, que compartilhou o prêmio com Adeus Minha Concubina), o júri deste ano inclui o mexicano Gael García Bernal, Sofia Coppola e Willem Dafoe. Também participam as atrizes Carole Bouquet, Leila Hatami, Do-Yeon Jeon e os diretores Zhangke Jia e Nicolas Winding Refn.

O filme ganhador da Palma de Ouro será anunciado em cerimônia oficial neste sábado, após dez dias de frenesi cinéfilo na França.

Dos 18 longas em competição, estão entre os favoritos o turco Winter Sleep (Kis Uykusu), o russo Leviathan (Leviafan) e o francês Deux Jours, une Nuit (Two Days, One Night). Ninguém, contudo, pode apostar com certeza.

"Quando eu estava no júri, diziam coisas sobre o que pensávamos e estavam totalmente equivocados", afirmou David Cronenberg, que presidiu 1999. "Diziam 'Obviamente este filme é a que mais tem chances de ganhar', ou 'Este ator é claramente o favorito', e nós não pensávamos em nada disso." Na época, Cronenberg instruiu os jurados a não lerem o que se publicava na imprensa durante o Festival.

Foi um ano em que os resultados mais surpreenderam. Rosetta, dos Irmãos Dardenne, tirou o posto de Tudo Sobre Minha Mãe, de Pedro Almodóvar, que era considerado o favorito. Rosetta foi o último longa exibido na programação e os diretores era praticamente desconhecidos na época.

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A decisão foi controversa, mas, desde então, Rosetta mostrou seu valor e os Dardenne desenvolveram uma carreira aclamada, vencendo novamente a Palma em 2005 com O Filho. Agora, podem fazer história novamente: Deux Jours, une Nuit, protagonizado por Marion Cotillard, pode torná-los os primeiros diretores a vencer o prêmio máximo do Festival de Cannes três vezes. Outros seis, incluindo Francis Ford Coppola, venceu em duas ocasiões.

Mas muitos acreditam que o júri só dará a Cotillard o prêmio de melhor atriz. O mesmo é o que se pensa do autobiográfico Mr. Turner, de Mike Leigh -- mesmo aclamado por muitos, pode ser premiado só pela atuação de Timothy Spall. O drama de Bennett Miller,  Foxcatcher, traz uma reveladora interpretação dramática de Steve Carell e bem poderia competir também nesta categoria.

Neil Young, que escreve em seu blog, o Film Lounge, sobre as apostas da Palma, diz que Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan, é o favorito a 4 por 1, seguida de LeviathanMommy, um drama sobre a relação entre mãe e filho do canadense Xavier Dolan, de 25 anos.

Muitos outros filmes poderiam ser surpresas desta edição. A zebra mais escandaloza seria Relatos Salvajes, um filme argentino sobre histórias de vingança. Timbuktu foi elogiado por seu retrato humanista da vida em um povoado do Mali sob o governo talebã. E, talvez o mais difícil de descrever, o longa em 3D de Jean-Luc Godard Adieu au Langage

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Muitas vezes, os vencedores podem ser determinados pelas diâmicas da organização. Quando Olivier Assayas era integrante do júri presidido por Robert DeNiro em 2001, era um dos que pregava por A Árvore da Vida, de Terrence Malick. O filme se transformou em uma das ganhadoras de Cannes com maior sucesso fora do Festival.

"Alguns de nós tivemos que brigar por ele", disse Assayas, que compete este ano com o drama Sils Maria. "Sinto orgulho de ser um dos que o apoiaram." O que parece seguro dizer este ano é que o filme Captives, de Atom Egoyan, certamente não levará o prêmio após ser vaiado pelos críticos.

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