Leonard Nimoy era único e era múltiplo

Ator morreu aos 83 anos em sua casa em Los Angeles

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Leonard Nimoy era único e era múltiplo. Ator, diretor, poeta, pintor e fotógrafo, exercitou-se em diversas mídias, mas no imaginário do público será sempre o vulcano dr. Spock, da série Star Trek/Jornada nas Estrelas. Nimoy fez a passagem da série da TV para o cinema. Dirigiu episódios que estão entre os melhores. Mas detestava ser identificado com seu personagem e, por volta de 1970, chegou a escrever um livro autobiográfico - I Am not Spock/Não Sou Spock. Continuou sendo, mas diversificou a carreira e a atividade.

Poetou, interpretou filmes de outros diretores, dirigiu comédias, até românticas. Há tempos ele vinha sofrendo de complicações pulmonares, consequência de ter sido um fumante compulsivo. Desde a semana passada, circulavam rumores de sua morte. O próprio Nimoy chegou a desmenti-los no Twitter, mas nesta sexta, 27, sua mulher, agora viúva, Suzanne, fez o anúncio. Ele perdeu a batalha contra a doença pulmonar e morreu em sua casa de Bel Air, em Los Angeles, aos 83 anos. Deixara de fumar há 30, mas já era tarde. “Parem logo”, foi seu último conselho aos tabagistas.

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Na derradeira mensagem, Nimoy despedira-se na rede social com a sigla LLAP, Live long and prosper/Vida longa e prosperidade, a tradicional saudação de Spock em Jornada nas Estrelas. Nascido em Boston, Massachusetts, em 26 de março de 1931, Nimoy participou do episódio O Gorila, da série Bonanza, dirigido por James P. Yarbrough, em dezembro de 1960. Além do destaque que adquiriu com Jornada nas Estrelas, também atuou na série clássica Missão: Impossível, nas temporadas de 1969-1971 e fez um episódio da primeira temporada de Agente 86.

Na franquia Star Trek, dirigiu no cinema Jornada nas Estrelas 3 - A Procura de Spock, e o 4, A Volta para a Terra. Seus outros longas como diretor - Três Solteirões e Um Bebê, o remake hollywoodiano de Três Homens e Um Bebê, da francesa Coline Serreau, e mais O Preço da Paixão, As Coisas Engraçadas do Amor e Santo Matrimônio, a última com Patricia Arquette, que acaba de ganhar o Oscar de coadjuvante por Boyhood - Da Infância à Juventude, de Richard Linklater.

Até pelos títulos, dá para perceber que temas como amor, família e relacionamentos eram os que mais interessavam a Nimoy, como diretor. Talvez por ter criado uma imagem muito forte ligado a um personagem de ficção científica, muito do que ele fez depois buscava marcar a passagem para o mundo real, das pessoas comuns. 

Um bom exemplo disso foi fornecido por O Preço da Paixão, de 1988. Diane Keaton - ótima - fazia a divorciada que, pela primeira vez na vida, sentia a excitação do amor e do sexo, negligenciando a filha. O caso ia parar no tribunal. Conta a lenda que Nimoy e William Shatner, que fazia o capitão Kirk, da Enterprise, mantiveram toda a vida uma forte rivalidade, cada um se considerando o responsável pelo sucesso da série. Eram os dois. A série foi repaginada por JJ Abrams, ganhou novo elenco, mas Nimoy (e Shatner) permanecem na lembrança. 

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