John Wayne, ícone do gênero western, morria há 35 anos

Ator foi, por muitos anos, um dos dez mais e até o número na bilheteria de Hollywood

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Por Luiz Carlos Merten
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Completam-se nesta quarta, 11 de junho, 35 anos da morte de John Wayne. Durante mais de uma década ele lutou contra o câncer no pulmão que terminou por matá-lo. Chegou a fazer um filme que não deixa de estar em sintonia com seu sofrimento pessoal. Em 1976, dividiu a cena com James Stewart – ambos já haviam feito O Homem Que Matou o Facínora, de John Ford, em 1962 – em O Último Pistoleiro. Seu papel era o de um velho mocinho que morria de câncer, mas ainda tinha alento para derrotar a quadrilha que assolava cidadezinha. Curiosidade – como no clássico Os Brutos Também Amam/Shane, de George Stevens, com Alan Ladd, em que o pistoleiro assumia dimensões míticas através do olhar de um menino, em O Último Pistoleiro era visto pelo olhar do adolescente, e ele era interpretado por um garoto que haveria de virar diretor de prestígio, Ron Howard. John Wayne era um nome de fantasia – ele nasceu Marion Robert Morrison, em 1907. Detestava o próprio nome. Marion, mesmo em inglês, é dúbio e nem um pouco apropriado para um jovem de 1,92m que se destacou como campeão de futebol americano na Universidade de Southern California. Conta a lenda que um diretor de westerns, um certo John Ford, já havia reparado nele, mas ao aceitar o convite de Raoul Walsh para protagonizar The Big Trail, em 1930, Wayne provocou a ira daquele que seria seu mentor. Ford puniu-o e por toda aquela década Wayne só fez filmes B. Em 1939, finalmente, Ford chamou-o para o papel que mudou sua vida em Stagecoach/No Tempo das Diligências. O filme foi um divisor de águas na carreira do próprio Ford. A partir daí, fizeram muitos filmes juntos – westerns, principalmente, mas também de outros gêneros. Um dos melhores é Depois do Vendaval/The Quiet Man, em que Ford celebrou a Irlanda mítica de seus ancestrais. Mas foram os westerns que marcaram – e um deles, Rastros de Ódio/The Searchers, de 1956, é simplesmente um dos maiores filmes de todos os tempos. A lista é longa – Sangue de Herói, O Céu Mandou Alguém, Legião Invencível, Rio Bravo, Marcha de Heróis, Audazes e Malditos, Terra Brava, o citado O Homem Que Matou o Facínora e A Conquista do Oeste. E também A Longa Viagem de Volta, Fomos os Sacrificados. Somente a extraordinária parceria de Wayne com John Ford já lhe garantiria o lugar no panteão dos grandes do western – e do cinema –, mas ele também trabalhou com outros grandes diretores. Com Howard Hawks, fez Rio Vermelho, Onde Começa o Inferno, Eldorado, Rio Lobo, todos westerns, e também Hatari!, uma genial aventura de caçadas na África. Com Henry Hathaway, também foram muitos westerns, entre eles Fúria no Alasca e Bravura Indômita, a primeira versão, de 1969 – houve uma refilmagem dos Irmãos Coen, com Jeff Bridges –, que lhe deu o Oscar. John Wayne virou ícone, envelheceu perante as câmeras e seu rosto cheio de rugosidades – esculpido na pedra, como diziam os críticos franceses – tornou-se tão familiar para o público de todo o mundo que ele ele foi, por muitos anos, um dos dez mais e até o número na bilheteria de Hollywood. Talvez por isso, muitos críticos duvidavam de que ele fosse um ator. Era, e dos maiores. Suas interpretações em Rastros de Ódio e O Homem Que Matou o Facínora são antológicas. Mas foi preciso que ele se autoparodiasse em Bravura Indômita – gordo, caolho e beberrão – para ganhar o Oscar da Academia. Por merecimento, teria ganhado antes, inclusive por A Primeira Vitória, poderoso drama de guerra de Otto Preminger, de 1964. John Wayne morreu em 11 de junho de 1979, aos 72 anos.

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