PUBLICIDADE

<i>Xuxa Gêmeas</i> impõe desafio à ´rainha dos baixinhos´

Estréia mais um de seus filmes, que já fizeram mais de 25 milhões de espectadores

Por Agencia Estado
Atualização:

Xuxa segue sendo um fenômeno. Os críticos dizem que a loira já era, mas sua aura permanece intocada. No sábado, uma multidão postou-se na saída do Shopping Jardim Sul só para ver Xuxa passar, após a exibição de Xuxa Gêmeas, seu novo filme, que estréia nesta sexta em 300 salas de todo o Brasil, com o reforço de Ivete Sangalo e Murilo Rosa no Elenco. Para ela, é importante o termômetro do público. "Quero ver onde as pessoas riem, o que funciona e o que não." Por quê? "Para aprimorar", diz. Xuxa Gêmeas vai chegar a 3 milhões de espectadores, como sonharam alguns integrantes da mesa, durante a coletiva realizada no próprio cinema? "Quero saber da satisfação do meu público. Nessa coisa de números eu não me intrometo. É especialidade deles" - eles, no caso, são o produtor Diler Trindade, da Diler & Associados, e a Globo Filmes que liga sua marca ao produto. Seus filmes já fizeram mais de 25 milhões de espectadores e Lua de Cristal, de 1990, é um dos maiores sucessos da retomada, com quase 5 milhões de espectadores. Xuxa Gêmeas propõe agora o que não deixa de ser um desafio para a apresentadora. Ela própria se define assim. Diz que não é atriz, que tem dificuldade para decorar diálogos e nem sonha em se meter na pele de outra pessoa. Mas, desta vez, Xuxa foi persuadida pelo diretor Jorge Fernando a fazer duas personagens, o que significa que ela, minimamente que seja, tem de representar, já que as gêmeas foram separadas na infância e agora se reencontram adultas. Uma chama-se Mel e é a Xuxa boazinha que você conhece. A outra é Elizabeth e é uma peste. No sábado, Xuxa saiu do shopping diretamente para o carro da produção, onde a esperava o repórter, para uma entrevista exclusiva que começou ali e prosseguiu na sala VIP da Líder, enquanto ela esperava a liberação do jatinho que a levaria ao Rio. Como foi liberar sua porção malvada, fazendo a Elizabeth? Entrei em pânico. Na primeira vez que fui fazer a Elizabeth, não sabia como agir. Onde botar a mão, como falar. Fazer a Mel, que é a irmã boa, foi fácil. Não precisei mudar nada. Emprestei coisas minhas a Mel e assumi coisas que eram dela, numa troca natural. Já o figurino da Elizabeth... Nada, dali, servia para mim. Tinha de fazer a metida, usar unhas postiças, falar com uma voz que não era a minha. Sofri p?a caramba. Jorginho (o diretor Jorge Fernando) me obrigou a fazer laboratório. Nunca tinha feito isso, para nenhum dos meus filmes anteriores. Mas para Gêmeas era preciso. Jorginho leu o roteiro, estudou detalhadamente cada personagem e discutiu comigo como queria que eu fizesse cada uma delas. Se houver mérito no meu trabalho é do Jorginho. Ele gravou um J no meu coração. E por que você entrou na dele? Para mostrar que sabe representar? Mas eu não sei representar! Não sou atriz, não guardo texto, sou péssima para memorizar diálogos. E eu sofria demais cada vez que tinha de entrar na pele da Elizabeth. A Maria Clara (Maria Clara Gueiros, que faz a secretária, Jennifer) dizia para eu relaxar, que tinha de ser prazeroso, mas eu não tinha prazer nenhum. Minha maior alegria, ao fazer a Elizabeth, foi chegar ao último dia, quando o Jorginho disse que tínhamos acabado e eu pude me despedir dela sem saudade. Como todo filme de Xuxa, este aqui é cheio de mensagens. E eu gosto muito das mensagens que Xuxa Gêmeas traz. Tem a personagem que é má, que só pensa em dinheiro e quer sempre mais, e tem a outra que acredita nos sentimentos, nos amigos. Gosto muito de passar essas mensagens positivas, de que vale a pena acreditar no sonho e correr atrás dele. Acho que o dinheiro é importante na vida de qualquer pessoa, mas não é ele que deve ditar nossas escolhas. Não é o fato de ter ou não dinheiro, nem de morar na favela ou no palácio que vai fazer de você uma pessoa melhor ou pior. Outra mensagem na qual acredito é que as crianças não podem sofrer violência. Bater não resolve nada, não é educar. Temos de conversar, numa boa. Conversar, sim é educar. Patrícia Travassos, que co-escreveu o filme com Flávio de Souza, diz que "O Diabo Veste Prada" foi uma referência parar criar Elizabeth. Mas a Patrícia não tinha visto o filme com Meryl Streep e nem eu vi, até hoje. Ela realmente havia lido o livro e achou que havia elementos comuns entre a Elizabeth, como dona do império gráfico O Dourado, e a Miranda de "O Diabo Veste Prada". Foi o Diler quem disse que o filme estava sendo feito, com a Meryl. A referência foi essa. Como você explica o fato de atravessar gerações? Só na Globo, você completa 20 anos em 2006. As pessoas gostam da minha mensagem de acreditar no sonho, de ser contra as drogas. Vejo que meus primeiros baixinhos cresceram e hoje são pais e mães de outros baixinhos que continuam ligados em mim. Esta fidelidade me impulsiona. Já aprendi o que pode dar certo, mas ouço o que me dizem e, às vezes, sou voto vencido. Já vi idéias que tinha e que foram recusadas na Globo darem certo depois, com outras pessoas. Aí digo - viram só? Confesso que comecei a trabalhar com crianças na base do instinto, mas hoje leio sobre o assunto. Tenho uma irmã com doutorado em pedagogia infantil e dois irmãos psicólogos. Minha formação também ajuda. Cresci numa cidade pequena, fazendo brincadeira de menino, de menina, sempre de pé no chão. Acho que não existe brincadeira que eu não conheça. Não trato as crianças como se fosse superior. Se eu não entendo uma coisa, sei que elas também não vão entender. Não falo com elas tatibitate, porque sei que não gostam. Quando entro numa disputa quero ganhar e elas sabem disso. Tenho 43 anos e ainda sou uma igual. Quando não for mais, eu paro. Xuxa Gêmeas (Brasil/2006, 81 min.) - Aventura. Dir. Jorge Fernando. Livre. Cotação: Regular

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.