"Ilha Rá Tim Bum" ganha ação na telona

Reportagem do Estado acompanha um dia de filmagens da nova atração nacional destinada ao público jovem e inspirada no seriado da TV Cultura

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Por Agencia Estado
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Terceiro dia de filmagens do longa-metragem O Martelo de Vulcano, inspirado no seriado infanto-juvenil Ilha Rá Tim Bum, da TV Cultura. Nos bastidores, o corre-corre da diretora, Eliana Fonseca, do diretor de fotografia, Cláudio Portiolli, e da equipe de produção para finalizar mais um take. Acertos de figurino aqui, ajustes de iluminação acolá. Na batalha contra o relógio, a filmagem esbarra numa cena aparentemente simples, que, editada no filme, não deve durar mais do que dez segundos. Nela, a personagem Hipácia, interpretada por Graziella Moretto, pressente que alguma coisa de ruim vai acontecer na ilha. Para tanto, Graziella deveria começar a tomada olhando para um objeto em suas mãos e, na seqüência, voltar-se repentinamente em direção ao céu, como se alguma coisa viesse de lá. A câmera, digital, filmaria o caminho inverso: fecharia a lente nos olhos da atriz mirando para cima e, depois, se afastaria rapidamente para um plano aberto da personagem segurando o tal objeto. Uma, duas, três, quatro, várias tentativas e a imagem insistia em desfocar num determinado ponto, para a impaciência geral. Mais de meia hora depois, o problema foi sanado. Mas era só o começo de mais uma longa jornada de trabalho. A previsão é de que as filmagens sejam finalizadas em quatro semanas. Para cumprir os prazos, a equipe tem-se dedicado uma média de oito a dez horas diárias ao projeto, de segunda a sábado. Durante a semana, a maratona, em geral, começa às 14 horas, por conta do elenco das crianças, que freqüenta a escola pela manhã. Aos sábados, o trabalho tem início pela manhã. A força-tarefa envolve também a pós-produção, que já está sendo executada simultaneamente à rodagem. "Há cenas, por exemplo, dos dois primeiros dias de filmagem, que precisam de efeitos especiais. Essas imagens são suficientes para colocar os efeitos", diz o produtor Roberto d´Avila, diretor da empresa Moonshot, braço da TeleImage e co-produtora do filme. Incluindo filmagens e pós-produção, o longa deve estar pronto em 12 semanas, para que chegue aos cinemas nas férias escolares de julho. "Nosso conceito de produção de entretenimento é mais de indústria", comenta d´Avila. O Martelo de Vulcano, que tem ainda co-produção da TV Cultura e da Warner Bros., está orçado em R$ 2,5 milhões e tem o roteiro supervisionado por Flávio de Souza, autor do Ilha Rá Tim Bum, que estreou na tevê no ano passado. Todo rodado em estúdio - em sistema de alta definição -, o filme manterá alguns elementos da série, além dos personagens. A trama tem o mesmo ponto de partida: cinco jovens chegam a uma ilha desconhecida e têm de enfrentar as maldades do vilão Nefasto, fruto de um acidente científico, interpretado pelo ótimo Ernani Moraes. A essência é a mesma do seriado, mas a história na telona tomará novos rumos. "Nefasto descobre que se ele encontrar o martelo de Vulcano será o ser mais poderoso do universo", antecipa a diretora Eliana Fonseca. "Por isso, as crianças precisam encontrar o martelo antes dele, decifrando enigmas." Isso porque a única que sabe onde está escondido o tal martelo é Hipácia, uma espécie de bruxa do bem que vive na ilha e protege os garotos. Mas, ao enfrentar o vilão, ela recebe uma bola de energia e perde a memória, o que obriga as crianças a assumir a missão. Estabelece-se, então, a velha luta do bem contra o mal. Hipácia é uma das personagens centrais da aventura. Quase metade do longa tem como cenário a árvore onde a benfeitora habita. Do seriado para o filme, a personagem de Graziella passou por modificações, a começar pelo visual. A atriz recebeu uma camada dourada na pele e olhos mais acentuados por lápis. "No início do Ilha Rá Tim Bum, a Hipácia era mais séria, tinha lapsos de memória; mas ao longo do seriado, como ela era a representação do bem, percebemos que deveria ser mais leve, com mais bom humor", explica a atriz. "No longa, ela vai estar mais ´destrambelhada´." Repaginados - Além de uma cenografia mais caprichada e da caracterização diferenciada dos personagens, O Martelo de Vulcano terá mais cenas de ação em comparação ao Ilha. "Como o roteiro foi trabalhado de forma diferente, ele tem caminho independente do seriado. A estrutura narrativa muda, tem começo, meio e fim, tem mais cenários, os personagens foram repaginados", afirma a diretora, Eliana Fonseca, que é cria da TV Cultura e participou de uma série de programas da casa, ora como atriz, ora como diretora, entre eles, Rá Tim Bum, Castelo Rá Tim Bum e SOS Português. Por causa dessa independência diante do Ilha, Eliana assegura que quem não acompanha o seriado na TV não ficará perdido durante a sessão de cinema. "É uma produção infanto-juvenil, mas também para quem gosta de aventura", acredita ela. O ator Paulo Nigro, que faz parte do núcleo dos jovens e interpreta o personagem Gigante, mostra-se entusiasmado com as cenas de lutas, que, segundo ele, não são nada agressivas. Paulo conta que os atores têm aulas de preparação com um mestre de kung fu. "É a primeira vez que participo de um longa, é uma experiência muito legal", comenta o jovem ator. "Faço faculdade de Rádio e TV, mas quero cursar Cinema. Vou continuar a ser ator, mas pretendo trabalhar por trás das câmeras também." O Martelo reserva ainda algumas novidades no elenco, como a atriz Bárbara Paz, que fará o papel de Polca, uma libélula que faz parte do núcleo de vilões. No seriado, ela é interpretada por Liliana Castro.

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