Comendo carne não se consegue correr mais rápido, nem ser mais forte, argumenta um documentário apresentado nesta segunda-feira, 19, na Berlinale, no qual até Arnold Schwarzenegger se soma à causa vegetariana em nome da saúde e do meio ambiente.
Dirigido pelo documentarista vencedor do Oscar Louie Psihoyos, The Game Changers busca desmontar o mito em torno ao consumo de proteínas animais, entrevistando os esportistas de elite que chegaram ao topo com uma dieta vegetariana.
Os corredores Carl Lewis, Scott Jurek e Morgan Mitchell, o nadador Murray Rose, o levantador de pesos Kendrick Farris e até um dos homens mais fortes do mundo, Patrik Baboumian, capaz de levantar mais de 500 kg, são provas convincentes de que é desnecessário consumir carne para ganhar em energia e força.
"Quando parei de comer carne, fiquei maior e mais forte", assegura Baboumian, alemão de origem iraniana, enquanto levanta e move quatro homens como se fossem penas.
Até "os gladiadores eram vegetarianos", aponta o documentário de Psihoyos, fazendo eco de um estudo elaborado a partir de cerca de 5.000 ossos pertencentes aos lutadores romanos.
O colesterol do 'Exterminador'. Mas para além do que poderia ser uma constatação curiosa, o filme, exibido na seção Cinema Culinário da Berlinale, mergulha em estudos científicos e opiniões de especialistas, que advertem sobre os riscos para a saúde de ingerir proteínas animais, especialmente relacionados com as doenças coronárias.
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Nesse contexto, Schwarzenegger reconhece ter passado de consumir 110 gramas por dia de proteína animal a levar uma dieta vegetariana. "Aos meus quase 69 anos, tenho o nível de colesterol mais baixo da minha vida!", assegura o "Exterminador".
Psihoyos, um ambientalista que em 2010 ganhou um Oscar com o filme The Cove, no qual denunciava a pesca de golfinhos no Japão, explicou à AFP ter percebido que a melhor maneira de lutar pela preservação do planeta era apelando aos hábitos alimentares.
"Comprar um carro híbrido ou mudar o tipo de lâmpadas tem muito menos impacto que a alimentação, dado que comemos três vezes ao dia!", defende este americano, em cujo filme mostra até que ponto a criação maciça de gado afeta o meio ambiente.
Ereções noturnas. Psihoyos assegura que cada um pode encontrar o argumento que melhor lhe convenha no documentário para parar de comer carne.
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Além de uma questão de saúde, esportiva ou ambiental, para os jovens que "acreditam que vão viver para sempre", o filme mostra três meninos que se submetem a um exame para determinar seu número de ereções durante a noite: nos períodos em que eliminaram a proteína animal, o número disparou.
"Este pode ser o pretexto mais poderoso, porque todo mundo quer render sexualmente", assegura sorrindo Psihoyos, que se define vegano.
Se a ideia de que comer carne é saudável segue amplamente vigente, isso se deve, segundo o documentarista, aos interesses da indústria agroalimentar.
"Há bilhões de dólares em jogo" e o setor "tenta reter pelo maior tempo possível a informação" prejudicial, da mesma forma que aconteceu com a indústria do tabaco na segunda metade do século 20, afirma Psihoyos.
O documentarista confia em que seu filme terá um impacto: "95% das pessoas que o viram nos testes disseram estar dispostas a modificar sua dieta", comemora.