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Filmes de Milos Forman chegam ao DVD

Dois filmes de Forman, ambos vencedores do Oscar, ganham lançamentos de luxo em DVD. Um Estranho no Ninho, de 1975, é o segundo filme do diretor nos EUA. Amadeus é de 1984

Por Agencia Estado
Atualização:

Nome importante da nouvelle vague do cinema checo, nos anos 1960, Milos Forman encantou o público e os críticos com filmes como Pedro, o Negro e Os Amores de Uma Loira, que celebravam, acima de tudo, a juventude. O Forman daquela época gostava de filmar os jovens porque dizia que os adultos eram muito preocupados com estabilidade e valores materiais. Tornavam-se hipócritas por isso. Já os jovens mantinham acesa a chama da rebeldia. Com a invasão da Checolosváquia pelos tanques soviéticos e o fim da primavera de Praga, em 1968, Forman abandonou o país. Radicou-se nos EUA e virou um cineasta americano. Quem poderia imaginar que ele se adaptaria tão bem ao cinema americano? Mas não se ajustou a Hollywood. Continuou rebelde como um jovem. Dois filmes de Forman, ambos vencedores do Oscar, ganham lançamentos de luxo em DVD. Um Estranho no Ninho é de 1975, o segundo filme do diretor nos EUA, após Procura Insaciável, sátira devastadora da classe média americana, que foi mal recebida em 1971. Amadeus é de 1984. O primeiro foi o segundo filme, em toda a história do Oscar, a ganhar o Big Five - os cinco principais prêmios da Academia de Hollywood. Melhor filme, diretor, ator, atriz e roteiro. Antes de Um Estranho no Ninho, só um filme obteve esse quíntuplo triunfo - Aconteceu Naquela Noite, de Frank Capra, de 1935, com Clark Gable e Claudette Colbert. Depois, só O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme, com Anthony Hopkins e Jodie Foster, em 1991. E quanto a Amadeus, é o melhor feito de rock já feito (ou a fazer...) com música clássica. Um Estranho no Ninho foi produzido por Michael Douglas, que havia comprado os direitos do livro de Ken Kesey pensando que seria um grande papel para seu pai, o astro Kirk Douglas. Mas Kirk já estava velho para o papel e Michael e o diretor Forman escolheram Jack Nicholson para fazer o louquinho que desafia a autoridade representada pela enfermeira-chefe de um hospício no Oregon. A história de Um Estranho no Ninho celebra o triunfo do espírito humano sobre todas as adversidades. E é um impressionante estudo de costumes numa casa de loucos, evitando o patetismo freqüente nesse tipo de produção. Nicholson e Louise Fletcher, que faz a enfermeira autoritária, são magníficos - e a carreira dele, depois desse filme, deslanchou e o antigo hippie de Sem Destino virou superstar em Hollywood; a dela, após esse triunfo significativo, não foi para a frente, numa das raras vezes em que o Oscar não impulsionou um astro ou uma estrela em Hollywood. Hoje, vale a pena prestar atenção nos demais louquinhos - Brad Dourif, Will Sampson, Christopher Lloyd, Danny De Vito, Scatman Crothers. São todos ótimos e o filme, com certeza, foi obra de referência (uma das...) para Laís Bodanzky, quando fez o cultuado Bicho de Sete Cabeças no Brasil. Amadeus é de outra ordem, mas também celebra o espírito humano. Centra-se na inveja do compositor Salieri pelo gênio de Wolfgang Amadeus Mozart, que se comporta como um jovem idiota mas é um gênio da música. A juventude, sempre a juventude para Forman. Amadeus foi remasterizado em Dolby Digital. Ficou melhor ainda e, mesmo que os extras dos dois DVDs sejam reduzidos, os dois são imperdíveis. Grande Forman. Grande Amadeus. Seu Mozart é para roqueiros e é bom você tomar como elogio o que alguns (puristas?) gostariam que fosse pejorativo.

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