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Figurinos de 'Star Wars' estão em exposição em NY

No Museu Discovery, mostra revela fontes de inspiração do vestuário da saga de George Lucas

Por Neil Genzlinger
Atualização:

Não sei como você se sente em relação à nudez nos filmes, mas uma caminhada pela nova exposição na Discovery Times Square vai levar certamente a perceber uma coisa: um ator nu é uma oportunidade perdida. O figurino certo na circunstância certa pode ser tão importante como recurso narrativo quanto qualquer diálogo ou truque de efeitos especiais. A roupa pode se tornar praticamente um personagem em si.

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Essa é a lição transmitida pela exposição itinerante Star Wars and the Power of Costume, em cartaz no museu Discovery Time Square, em Nova York. Ela prepara o público para o lançamento do novo filme da série Guerra nas Estrelas, marcado para dezembro. Está repleta de figurinos da saga – modelos que foram realmente usados nos filmes, e não recriações, coisa que deve bastar para animar os fãs.

Mas a proximidade com objetos usados em cenas de alguns dos maiores filmes de ficção científica já filmados é apenas a mais rudimentar das experiências oferecidas pela exposição. Somos convidados a pensar por um momento naquilo que tornou tão persistentes personagens como Luke Skywalker, Han Solo, Princesa Leia, Darth Vader, Padmé Amidala e até nomes menos importantes. Até certo ponto, isso é resultado do que eles vestiam. Não tente imaginar os filmes da série Star Wars com os personagens nus; afinal, são filmes-família. Mas imagine esses personagens usando roupas comuns. O impacto é bem diferente.

Na maioria dos casos, a exposição usa manequins sem rosto (em vez de bonecos de cera imitando Harrison Ford e companhia) para mostrar os figurinos, uma sábia decisão que nos permite sentir o poder dos próprios modelos. Entrar na galeria é como entrar numa sala repleta de velhos amigos. Olá, senador. À vontade, soldado. Não está com frio nessa roupa, Princesa? (Carrie Fisher descreveu o modelito de escrava como o “biquíni dos infernos”)

Aberta até 5 de setembro do ano que vem, a exposição é obra do Lucas Museum of Narrative Art, da Lucasfilm e do Smithsonian Institute Traveling Exhibition Service, e o olhar da curadoria é evidente no arranjo das salas. Imagens e textos de apoio exploram os antecedentes das roupas. A influência dos uniformes nazistas no império são bastante óbvias, mas George Lucas e os figurinistas também se basearam nas roupas usadas pelos astronautas do programa espacial Mercury.

Quanto ao biquíni de Leia, uma provocante foto de Yvonne de Carlo, dos anos 1940, mostra parte da inspiração para o modelo. E aqueles que ainda não repararam na semelhança entre C-3PO e Maria, do Metrópolis de Fritz Lang (1927) vão reparar agora.

Os figurinos ajudam a definir personagens, preparando os espectadores para aquilo que se deve esperar deles. E, no caso de uma saga tão vasta quanto Star Wars, eles também ajudam a definir mudanças num personagem. As roupas de Anakin Skywalker escurecem conforme sua personalidade muda. Numa galeria especialmente chamativa, vemos uma série de vestidos de Padmé, mas vemos também modelitos usados nos momentos de ação, pois uma princesa/rainha às vezes precisa se envolver no lado físico da coisa. Uma sequência, mostrando a evolução de Palpatine, ilustra a jornada do personagem rumo ao lado sombrio por meio de suas roupas, do nobre ao reptílico, chegando à encarnação corcunda do mal.

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Uma exposição envolvendo Guerra nas Estrelas precisa decidir se terá como alvo o fã obcecado ou o público mais geral. Nesse caso, ambos são contemplados. Há mais de 70 figurinos para a admiração do espectador casual, que pode descobrir algumas surpresas – o fato de R2-D2 às vezes ser interpretado por um ator humano, Kenny Baker, dentro do robô, como fica evidente ao analisar mais de perto o figurino em exposição. Os fãs mais entusiasmados podem investir seu tempo em complementos como tablets que exibem uma série dos primeiros esboços de alguns personagens; a progressão da ideia inicial até o figurino definitivo é fascinante.

Isso, por sinal, indica outro público para essa exposição para quem a familiaridade (ou falta dela) com a saga Guerra nas Estrelas será irrelevante. Trata-se do mundo da moda de Nova York. Os profissionais responsáveis pelo desenho e fabricação de roupas encontrarão muito para admirar, pois a complexidade e criatividade em muitos desses figurinos é impressionante, mas não fica tão evidente no cinema. As lantejoulas e contas; os bordados; a fusão de vestido elisabetano e adorno africano para a cabeça – tudo isso apresenta um nível de habilidade no artesanato que o pessoal das passarelas saberá valorizar. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL  

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